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Uribe se rebaixa e Bush: estratégia que só favorece os EUA

Se alguém por acaso tinha dúvidas sobre o papel do governo da Colômbia no atual contexto sul-americano, o recente pronunciamento do presidente Álvaro Uribe admitindo a possibilidade de os Estados Unidos instalarem uma base militar em território colombi

Coincidentemente ou não, poucos dias antes o embaixador estadunidense na Colômbia, mister William Brownfield, sugeriu que a base militar de Manta, no Equador — cuja concessão se esgota em 2009 e não será renovada pelo governo de Rafael Correa — fosse instalada no Departamento de La Guajira na fronteira com a Venezuela.


 


Uribe, no entanto, no esquema clássico de dourar a pílula, negou que a base seria instalada na fronteira com a Venezuela. Mas resta saber até quando prevalecerá a negativa. O diplomata estadunidense lançou a idéia, numa clara demonstração de que o país que representa está mesmo interessado num agravamento do estado de tensão na região.


 


Junta-se a isso a reativação da IV Frota — desativada desde 1950 — para viajar as costas do continente latino-americano e não é difícil imaginar quais podem ser as conseqüências.Trocando em miúdos, Bush, vale sempre repetir, não se conforma com o fato de existirem hoje governos na América Latina que não aceitam serem meros repetidores das ordens emanadas por Washington, como acontecia em várias décadas do século passado.


 


O troglodita John McCain, o candidato republicano pensa igual. E Barak Obama? Um ponto de interrogação, sobretudo depois das declarações divulgadas pelas agências internacionais de que ele apóia ações militares da Colômbia “além de suas fronteiras” para combater as Farc.


 


Apesar da afirmação de Uribe segundo as quais as ações, com o apoio dos Estados Unidos, para derrotar o terrorismo “não desafiarão nossos vizinhos”, as notícias recentes são reveladoras, uma delas a denúncia de que um avião militar estadunidense do tipo Viking penetrou em espaço aéreo da Venezuela. Para variar, os Estados Unidos atribuíram o fato a um erro técnico.


 


Outra informação inquietante, pouco divulgada por estas bandas, é a de que soldados do Exército colombiano entraram em território venezuelano, mas foram rechaçados por guardas fronteiriços. O incidente embora não tenha provocado vítimas é bastante sintomático.


 


Todas estas mexidas de peças neste jogo revelam que o governo norte-americano se voltou de novo para a América Latina de uma forma belicosa, muito próxima da estratégia adotada no Iraque e Afeganistão. Possivelmente, tanto o governo Uribe quanto o de Bush simplesmente negarão as intenções belicosas e reforçarão a tese de que a movimentação militar visa apenas combater o narcotráfico e a guerrilha das Farc.


 


As pressões aumentarão. Nesta estratégia, o presidente do Peru, Alan Garcia, é um aliado incondicional. Não é à toa que nestes dias este “social-democrata” comentou que a Bolívia está à beira de uma guerra civil. Isto é, Garcia parece apostar numa coisa que é de grande interesse para Washington: a divisão da Bolívia e a de toda a América Latina. Nada melhor para isso do que jogar governos contra governos, no surrado esquema de dividir para governar.


 


A propósito de Alan Garcia, segundo denunciam entidades do movimento social peruano, o governo empreendeu um ataque frontal contra as comunidades camponesas com a sanção de um decreto legislativo que afeta sobremaneira as comunidades indígenas, colocando-as em risco — algo que nem a ditadura Alberto Fujimori se atreveu a fazer.


 


Como resposta a essa medida, que na prática só favorece as empresas multinacionais, as organizações indígenas, agrárias e camponesas do Peru estão convocando uma greve em defesa de seus legítimos direitos ao território, a água e decidir seu próprio modelo. A Coordenadora Andina de Organizações Indígenas pede a solidariedade internacional “para deter esta ameaça privatizante e destruidora das comunidades camponesas e indígenas no Peru”.