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Para economista do Ipea, Equador precisa se desdolarizar

O diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), João Sicsú, avalia que o desenvolvimento do Equador depende da desdolarização. Em meio a uma forte crise, em 2000, o país decidiu adotar o dólar como moeda e, passado

Sicsú esteve recentemente no Equador para uma visita de cooperação técnica. Segundo o economista, o objetivo do instituto é estudar o caso da economia equatoriana. Trata-se de um país de economia pequena, totalmente aberta, que não conta com instrumentos de política monetária ou cambial e ainda enfrenta restrições ao aumento de gastos, diz Sicsú.



O Ipea pretende fazer reuniões com representantes técnicos de países da América do Sul para discutir experiências de desenvolvimento. Na avaliação do economista, o Equador não tem condições políticas para iniciar um processo de desdolarização agora porque a população ainda associa o sucre à instabilidade e hiperinflação.



Segundo Pedro Páez, ministro de Coordenação Econômica do Equador, o país não tem planos para desdolarizar a economia, apesar de o presidente Rafael Correa reconhecer que a desdolarização foi “um verdadeiro horror”.



Dependente



Para Sicsú, o país deveria construir uma estratégia nacional de desenvolvimento que recuperasse a capacidade do governo de fazer política macroeconômica. “A base de um plano de desenvolvimento deveria ser desdolarizar a economia a médio prazo, manter a inflação sob controle e incentivar os pequenos e médios negócios para transformá-los em grandes empresas nacionais.”



O Equador tem poucas indústrias locais e depende do petróleo. “A economia está de pé somente porque o barril está na faixa dos US$ 100. Se o preço cair, o financiamento do balanço se tornará um problema que só poderá ser solucionado com a ampliação da dívida externa”, afirma o diretor do Ipea.



Sicsú destaca que o aumento do consumo no país não resulta em um aumento da produção industrial e sim num crescimento das importações. Esta lógica inviabiliza a adoção de programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) porque o aumento dos gastos públicos poderia ampliar as importações, gerando empregos fora do país e não dentro. Mesmo em um cenário de petróleo em alta, o ministro estima que o crescimento econômico será de 2,5% neste ano.



De acordo com balanço preliminar da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), a maior parte da expansão das importações em 2007 correspondeu a matérias-primas, com alta de 17,1%, em um contexto de preços internacionais elevados de produtos básicos e commodities.



O Equador conta ainda com características peculiares. As remessas de cidadãos que foram morar principalmente nos Estados Unidos e na Espanha chega a representar 7% do PIB (Produto Interno Bruto).



Em janeiro, o país atingiu o menor nível histórico de desemprego, com 6,1%, mas em fevereiro a taxa voltou a subir. Outro desafio é conseguir atrair a parcela da população que encara o sistema financeiro com descrédito. Sicsú estima em 10% a 20% a participação das cooperativas financeiras, espécies de clubes em que o cidadão aplica recursos em cotas.



Fonte: Folha de S.Paulo