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Copom cogitou aumentar os juros na reunião de março

Os diretores do Banco Central (BC) consideraram a hipótese de elevar o juro básico da economia para fazer frente aos sinais de riscos à trajetória da inflação que detectam no cenário atual. A informação está na ata da reunião de 4 e 5 de março do Comitê d

No entanto, a conclusão final foi de que o balanço de riscos justificaria a estabilidade do juro e os diretores optaram, por unanimidade, em manter a Selic em 11,25% ao ano. A ata, porém, traz um alerta: “Mesmo considerando que, no momento, a manutenção da taxa básica de juros é a decisão mais adequada, o Comitê reitera que está pronto para adotar uma postura de política monetária diferente, caso venha a se consolidar um cenário de divergência entre a inflação projetada e a trajetória das metas.” O objetivo central do governo é de IPCA de 4,5% neste e no próximo ano.



O aumento no juro básico foi cogitado para conter as expectativas futuras de inflação desenhadas pelos agentes econômicos e também para “reduzir o descompasso entre as trajetórias da demanda e oferta agregadas”. No entender do BC, o aquecimento da economia sustenta um “descompasso importante” entre o ritmo de crescimento da produção e da demanda por bens e serviços, o que gera pressões inflacionárias e representa um risco para a trajetória de metas de inflação. O mesmo cenário contribui para o mercado elevar suas expectativas futuras quanto aos índices de preços – o que, por si só, já é outro fator de pressão inflacionária.



Foi nesse contexto que o Comitê diz ter cogitado o aumento da Selic. “Um ajuste da taxa básica de juros contribuiria para reforçar a ancoragem das expectativas, não apenas para 2008, mas também no médio prazo, e para reduzir o descompasso entre as trajetórias da demanda e oferta agregadas”, diz a ata. “Entretanto, prevaleceu o entendimento de que, neste momento, o balanço dos riscos para a trajetória prospectiva central da inflação justificaria a manutenção da taxa básica em seu patamar atual.”



Mais uma vez, o Copom promete monitorar a economia até sua próxima reunião (em 15 e 16 de abril) para então definir as próximas ações e torna a frisar que a “prudência” terá papel fundamental na tomada de decisões. Isso porque o BC considera que o balanço dos riscos inflacionários apresenta sinais de deterioração, provocados pelo consumo aquecido, pelo aumento das expectativas de inflação e pelas incertezas no cenário externo.



“Os dados referentes à atividade econômica indicam que o ritmo de expansão da demanda continua bastante robusto, podendo mesmo ter se acelerado desde o início do ano, e responde, ao menos parcialmente, pelas pressões inflacionárias que têm sido observadas no curto prazo, a despeito do forte crescimento das importações e do comportamento benigno do investimento”, afirma o documento. Ao lado desse fator, o Copom coloca a possibilidade de desaceleração econômica mundial – que teria impacto “ambíguo” sobre o país, podendo gerar aumento de oferta interna, mas desvalorizar títulos e ações brasileiros. Além disso, lembra que as pressões pontuais de preços vistas recentemente podem apresentar riscos de aumento tanto nos índices de inflação quanto nas expectativas do mercado para eles.



Fonte: Valor Econômico