Ex-militares do Piauí que participaram da Guerrilha do Araguaia processam Exército Brasileiro

Ex-militares piauienses estão entrando com ação na Justiça por terem sido enganados e induzidos a participarem da Guerrilha do Araguaia, um conjunto de operações organizadas pelo Exército para conter o Movimento Comunista na década de 70, na região de Xam

Agora, os ex-combatentes estão ingressando com pedidos de indenização contra o Exército. De acordo com o ex-militar Antonio dos Santos Nunes, a indenização não cobrirá todos os danos sofridos, já que a maioria dos danos são psicológicos, mas é uma compensação.



“Os militares sofreram todos os tipos de pressão psicológica. Nós passávamos dias e dias na selva, éramos instruídos e muitas vezes forçados a torturar os guerrilheiros. Fomos levados para Xambioá sem saber para onde iríamos e nem a natureza da tal manobra”, relata.



Segundo Antonio, alguns de seus colegas já entraram com ação e o Exército propôs rever a patente de cada um, considerando o tempo em que ficaram afastados, e aposentá-los, além de pagar uma indenização, cujo valor seria determinado por um juizado especial.



Carlos Lamarca, ex-capitão, considerado desertor, passou para general e sua viúva recebe pensão de capitão, além de indenização. Cada um de seus filhos recebeu indenização de R$ 100 mil.


 


A guerrilha



Antes de partirem, os militares passaram um mês presos no 25º Batalhão em Teresina em pesado treinamento de sobrevivência na selva e técnicas de guerrilha. Durante esse tempo não puderam receber visitas de familiares e todas as ligações e correspondências eram vigiadas pelos superiores.



Quando chegaram na região de Xambioá, uma região inóspita, pouco habitada, depararam-se com a realidade: integrantes do Partido Comunista do Brasil preparavam um golpe contra a ditadura. Um dos líderes do movimento era José Genuíno, hoje ex-presidente do Partido dos Trabalhadores.



De acordo com o ex-militar Antonio dos Santos Nunes, nenhum detalhe da “manobra” (como os superiores chamavam a operação) foi repassado a eles.



Lá procuravam pelos cerca de 80 comunistas dia e noite. A ordem era conter o movimento, nem que para isso fosse preciso matar. Como os comunistas estavam infiltrados na comunidade, vivendo como os nativos, a guerrilha durou mais tempo do que o previsto pelo Exército.



Muitos soldados e muitos guerrilheiros morreram. Muitos contraíram doenças como malária, febre amarela, verminoses. Muitos ficaram deficientes físicos. Mas a maioria ainda carrega seqüelas psicológicas.


 


Com informações do Portal AZ