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Demanda mundial de alimentos ajudará o Brasil, diz Mantega

O Brasil é o país que tem as melhores condições para atender à crescente demanda mundial por alimentos e suas vantagens vão proporcionar maiores ganhos nas exportações de produtos agrícolas. Essa é a avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao com

O ministro argumentou que “todo o mundo está comendo mais”, citando a elevação do consumo na China, no Brasil e mesmo na África. “Aquela história de que exportar produtos agrícolas não é vantajoso caiu por terra. Ninguém mais fala nisso. O Brasil vai aproveitar e ocupar esse mercado”, comentou.



O desempenho da balança comercial de manufaturas, que no ano passado registrou déficit de US$ 7,8 bilhões, numa mudança abrupta de sinal após um superávit de US$ 5,9 bilhões em 2006, não preocupa o ministro “Para o setor manufatureiro, temos o mercado interno”, disse Mantega.



“Uma grande arma que o Brasil tem é possuir um mercado consumidor que tende a se ampliar porque o crescimento e os investimentos continuam no país, o que significa que vamos continuar aumentando o nível de emprego, a massa salarial e a capacidade de consumo da população. Esse círculo virtuoso que está plenamente implantado há pelo menos dois anos vai continuar em 2008”, comentou.



Apesar disso, Mantega negou que a estratégia seja apostar na exportação de primários. Ele ponderou que mais da metade das vendas externas são de manufaturados, mas o Brasil tem de elevar sua participação nos mercados de carnes, soja, café, minério, etc.



Produtividade



O papel do governo, na visão de Mantega, é dar condições para que os produtores brasileiros possam aumentar sua produtividade. “Temos de continuar investindo em infra-estrutura para diminuir o custo de transporte e exportar mais rapidamente essas mercadorias. Isso é o PAC que está fazendo. Vamos continuar com um volume grande de financiamento para que a produção também possa ser ampliada”, comentou.



Nesta terça-feira, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, encontrou-se com Mantega e revelou que está sendo estudado “algum apoio na área de crédito” para as exportações. Limitou-se a dizer que a idéia é ajudar no financiamento de bens de capital e serviços. “Retomamos o apoio à Embraer e gostaríamos que a indústria naval se desenvolva e crie capacidade de exportar embarcações”, explicou.



Na equipe econômica, a idéia de estimular as exportações decorre do impacto que a valorização do real provocou na balança comercial. Considerando as médias diárias em 2007, as exportações cresceram 16,1% sobre o valor registrado em 2006. Mas as importações elevaram-se 31,5% nesse período.



O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, vem alertando para a necessidade de o governo evitar que, por tempo indefinido, ocorra grande diferença entre as taxas de crescimento das importações e das exportações. Nesse cenário, está em estudo a viabilidade de reduzir o custo das exportações via desoneração tributária e aperfeiçoamento da infra-estrutura e, além disso, medidas de ajuste gradual do câmbio.



O presidente do BNDES disse ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que em janeiro não houve redução da procura por financiamentos no BNDES apesar da crise financeira internacional. Ele avaliou que se a recessão for de nível médio – ele acredita que esse é o cenário mais provável – o Brasil poderá até ser beneficiado. Isso porque, na sua visão, os juros nos países ricos cairão ainda mais e as condições de liquidez ficarão mais favoráveis. “O Brasil é das poucas economias que têm projetos de alto retorno e baixo risco na indústria e em infra-estrutura”, afirmou.



A obtenção de fontes para um orçamento de aproximadamente R$ 80 bilhões para O BNDES em 2008 está perto de ser equacionada, segundo disse Coutinho. Na sexta-feira, haverá uma reunião do conselho de administração do banco para definir os limites. A possibilidade de o BNDES adiar o repasse de dividendos à União, como alternativa para sua capitalização, está sendo examinada no governo.



Fonte: Valor Econômico