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México vê novas manifestações de camponeses contra o Nafta

Alguns deixaram suas casas há dias, outros se juntaram nesta quinta-feira (31). Independentemente da data, o objetivo dos trabalhadores do campo mexicano é um só: se unir à marcha em defesa do campo e contra o Tratado de Livre Comércio da América do Norte

A Caravana de Tratores, que no último dia 18 deixou a Ponte Internacional Córdoba chegou à capital mexicana na quarta-feira e esteve à frente do grupo de camponeses que marcharam em defesa da soberania do país. Cerca de 110 milhões de mexicanos dependem do setor alimentar para viver, 30 milhões deles estão no campo. Para os movimentos sociais, “a alimentação é um assunto de Segurança Nacional”.



Nesse sentido, a entrada em vigor da última etapa do Nafta – que dá fim às taxas de importação agropecuárias – está afetando gravemente à vida do país. Mesmo os mexicanos que não dependem diretamente do campo para sobreviver têm que enfrentar o aumento dos preços dos produtos e dos combustíveis.



“A nula disposição do Executivo para promover a renegociação do capítulo agropecuário do TLCAN, e para atender e resolver as demandas apresentadas pela sociedade, dão conta de uma situação na qual a maior parte da classe política e as oligarquias empresariais expressam sua decisão de manter e aprofundar uma política econômica e social excludente, para beneficio dos interesses dos capitais transnacionais e de seus sócios mexicanos”, disse o comunicado de convocação para marcha, assinado por dezenas de organizações sociais e camponesas.



No comunicado, as organizações chamaram a sociedade para o “Movimento Nacional pela Soberania Alimentar, os Direitos dos Trabalhadores e as Liberdades Democráticas”, que continuará se mobilizando nos próximos meses. Para os dias 7 de fevereiro, 6 de março, 18 de março, 10 de abril e 1° de maio, já estão agendadas marchas. Outras atividades serão ainda organizadas ao longo do ano.



“Com o atual modelo neoliberal, a sociedade mexicana apresenta graves problemas de desigualdade para alcançar os direitos mínimos consagrados na Constituição. O desemprego, a pobreza e a falta de liberdades são constantes em detrimento das classes marginalizadas e majoritárias do campo e da cidade. Com a crescente deterioração do meio ambiente e a entrega dos recursos naturais, o problema social se agrava, chegou o momento de revertê-lo”, acrescentou o comunicado.



O governo está enfrentando as mobilizações sociais de forma agressiva, numa tentativa de manter a política privatizante e excludente que privilegia os interesses de alguns por cima dos direitos da maioria. Não há diálogo com os movimentos, segundo eles, o que há é autoritarismo e violação aos direitos de quem tenta se opor. Por isso, o novo movimento é uma busca de construir um projeto que se estenderá a todos Estados e regiões do país, propiciando a articulação e a mobilização.



Fonte: Agência Adital