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Economia dos EUA dá novos sinais recessivos

A economia dos EUA – já sob o peso da crise imobiliária e de crédito – vem dando mais sinais de que está próxima de uma recessão. Nesta terça-feira (15), dois resultados negativos assustaram os mercados: as vendas de varejo caíram, fazendo de 2007 o pior

De acordo com o Departamento de Comércio americano, as vendas ajustadas sazonalmente no varejo tiveram queda de 0,4% em dezembro, depois de um aumento de 1,7% em novembro.
O recuo das vendas de varejo surpreendeu negativamente a maioria dos analistas.



Em todo o ano, os varejistas registraram um aumento de 4,2% nas vendas, o menor do último período de cinco anos. Em 2006, as compras haviam subido 5,9%.



A queda nas vendas de dezembro, associada às correções para baixo dos dados de outubro e de novembro, levou os economistas do Morgan Stanley a reduzirem para menos de 1% sua estimativa para o crescimento da economia dos EUA. Os dados compõem um retrato dos consumidores, que impulsionaram a economia e agora se retraem.



“Os gastos do consumidor desaceleraram de forma bastante drástica” no quarto trimestre, disse Brian Bethune, diretor de economia financeira da Global Insight de Lexington, em Massachusetts. “Estamos voando muito perto de uma velocidade zero.”



Para outro analista, Alexandre Horstmann, diretor de gestão da Meta Asset Menagement, “os números da atividade dos Estados Unidos sacramentam um quadro de desaceleração forte a caminho da recessão”. “É preciso que os bancos 'limpem' seus créditos de uma forma geral, fazendo um balanço de quais deles são ruins ou não, para que possamos saber qual o verdadeiro impacto do subprime (créditos imobiliários de alto risco) na cadeia de crédito”, disse.



A queda das vendas de dezembro foi puxada pela retração de 2,9% registrada pelas lojas de material de construção, a maior desde fevereiro de 2003, refletindo a recessão do mercado de imóveis residenciais. As vendas do varejo de roupas, produtos eletrônicos e produtos esportivos estão entre as que também sofreram queda.



Quanto aos preços no atacado, o Departamento do Trabalho divulgou uma queda de 0,1% em dezembro, depois da disparada de 3,2% em novembro, a maior dos últimos 34 anos. Para 2007 como um todo, a inflação do atacado atingiu 6,3%, a mais elevada desde 1981.



“Com a desaceleração do crescimento aqui nos Estados Unidos e no exterior, isso deverá exercer menos pressão sobre os preços das commodities e reduzir a inflação”, disse Jay Bryson, economista da Wachovia.



“Apesar dos dados negativos, ainda não estamos no pior dos mundo que seria o de desaceleração da economia com inflação fugindo ao controle, o que impediria uma ação em relação aos juros”, avalia Horstmann. “O Fed ainda tem margem de manobra, embora só política monetária não seja suficiente para ajudar a economia americana.”



Fonte: Valor Econômico