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'Mulheres apaixonadas' começa a fazer sucesso em Cuba

Nem a efervescência do 29º Festival do Novo Cinema Latino-americano — prato forte das jornadas culturais de dezembro — conseguiu dissimular algo que já parece ser um fato: apesar do pouco tempo no ar, a novela global ''Mulheres apaixonadas'', começa a

Depois da lentidão e sossego perfeitamente intencionais da romântica ''Cabocla'' (2004), o espectador cubano, ingressa no universo de paixões intensas, porém atenuadas pela cor-de-rosa de um Manoel Carlos polêmico, mas não por isso inconsciente de sua função primeira: agradar. Assim, este mundo, que à primeira vista parece ideal e perfeito, começará a mudar seus tons, conforme avancem os capítulos do folhetim, sem deixar, porém, o necessário balanço, que longe da rejeição crie adição. É um princípio velho e 'nobre'.



Noveleiro nato — será que alguém pode esquecer que foi aqui que nasceram os rosários de lágrimas radiais? — desde o passado 4 de dezembro o espectador cubano começou a reconhecer a multiplicidade de rostos familiares e, apesar de que nem sempre estas caras estejam casadas com os nomes reais dos artistas ou os dos personagens atuais (caso concreto de Marcelo Anthony, que continua a ser para todos e, sobretudo, todas o Viriato de ''Senhora do destino''), isso não é uma grande barreira para o sucesso.



Aos poucos o público vai desenvolvendo a fidelidade, que garante sua presença perante as telas de seus televisores ligados sempre no principal canal do país, Cubavisión, todas as terças, quintas e sábados, às 21h15,



Os primeiros capítulos de ''Mulheres apaixonadas'' alteram com os episódios finais da produção nacional ''¡Oh, La Habana!'', que ao igual que a trama brasileira, reflete conflitos do cotidiano, mas de uma perspectiva menos sensacionalista e, talvez por isso, menos impactante.



Acostumado a sempre ter uma novela brasileira no ar, o espectador médio cubano, digere com dificuldade produções de outros países (como mexicanas, colombianas ou argentinas), sobretudo por resultarem inocentes demais a seus olhos 'espertos'. Num país em que a absoluta maioria da população está alfabetizada e grande parte das pessoas tem o 9º grau educacional, sem contar a revolução cultural que há quase uma década vem se desenvolvendo, as inocentes 'marias' pobres e desiludidas pelo amor, não 'caminham'.



Por isso, a Televisão Cubana pesca com esmero o melhor da produção audiovisual do mundo, tentando cumprir assim sua função educativa. Daí que desde 1984, com a chegada do sofrimento maiúsculo da saudosa ''Escrava Isaura'' (1975), as novelas brasileiras se tornassem o pão nosso de cada dia, gerando sucessos tais como o de ''Dona Beija'' no verão de 88, ''Roque Santeiro'', no verão de 90 e o mega-sucesso ''Vale Tudo'', exibida na temporada 1992-93, que paralisou o país com a história da batalhadora Raquel Acioli e sua inescrupulosa filha Maria de Fátima.



Daí então que ''Mulheres apaixonadas'' tenha garantido desde já um lugar no coração e na memória afetiva do público nacional.