Prefeito de Salvador faz “jogo de empurra” com PDDU

O presidente da Câmara Municipal de Salvador, vereador Valdenor Cardoso, recebeu nesta  terça-feira (11/12), no Salão Nobre da casa legislativa, representantes de diversos movimentos sociais da capital baiana. Junto com vereadores e líderes dos parti

Mas, apesar dos apelos dos presentes, que alegaram que não existiu um debate devidamente extenso sobre o Plano, que afetará diretamente toda a população de Salvador, o presidente se disse impossibilitado juridicamente de intervir, e passou o poder de decisão, novamente, ao prefeito João Henrique, autor do projeto.


 


Representantes dos partidos e dos movimentos sociais resolveram buscar o auxílio de Cardoso, depois de o prefeito ter dito, através do seu secretário de Relações Estratégicas, João Cavalcanti, que, por estar na ordem do dia, o projeto só pode ser retirado do legislativo por decisão da própria casa. O recado, por telefone, de Cavacanlti substituiu uma reunião, agendada para o dia 11/12, entre João Henrique e os líderes dos partidos da sua base – PSB, PT, PV e PPS, além do PCdoB. O encontro, marcado pelo próprio prefeito no dia 7/12, deveria servir para que João Henrique respondesse ao pedido dos partidos de retirada do projeto, feito através de um documento entregue no dia 20 do mês passado.


 


Impossibilidade legal


 


Apesar de concordar com as argumentações dos presentes sobre as deficiências do PDDU, Cardoso afirmou durante a reunião que existe uma impossibilidade legal. Segundo ele, o regimento do legislativo municipal não permite que o presidente retire um projeto da pauta sem um requerimento do seu autor. “Só existem duas pessoas em Salvador que podem retirar o projeto: o prefeito e o seu representante na Câmara, no caso o líder do governo, vereador Sandoval Guimarães”, afirmou.  Cardoso também se mostrou preocupado com a atitude de João Henrique, que “passou a bola” do PDDU para o Legislativo. “O prefeito está tentando se omitir da responsabilidade e termina jogando a população contra os vereadores”, destacou.


 


Vias alternativas


 


Aladilce Souza, líder da bancada do PCdoB na Câmara dos Vereadores solicitou ao  presidente da Câmara que seja o  mediador entre as entidades e o prefeito. “Já que, com base no regimento, nada pode ser feito, nós queremos que ele conduza um processo de mediação com o poder executivo”, afirmou Aladilce. Essa também é a opinião de Geraldo Galindo, presidente municipal do PCdoB, que durante o encontro com Cardoso argumentou sobre outras alternativas para a retirada do projeto. “Nós queremos que a Câmara estude e encontre mecanismos para que nosso objetivo seja alcançado, um projeto dessa importância e com tantos pontos polêmicos não pode ser aprovado sem que a sociedade seja devidamente consultada”, destacou o dirigente.


 


Mobilização


 


Com a impossibilidade apresentada pelo presidente da Câmara, os líderes dos movimentos sociais decidiram que voltarão a sua carga para o prefeito e para o líder do governo. “Já que fica esse jogo de empurra, nós vamos pressionar os dois através de uma grande mobilização na cidade”, afirmou Dermeval Cerqueira, coordenador do Movimento em Defesa da Moradia e do Trabalho (MDMT). Além do MDMT, estiveram presentes no encontro representantes da Federação das Associações de Bairros de Salvador (Fabs), Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), União Brasileira de Mulheres (UBM), União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) e da Frente de Luta Popular. Para amanhã ficou agendado um novo encontro entre os representantes dos movimentos e os vereadores contrários à tramitação em urgência do PDDU, eles querem discutir e iniciar o processo de mobilização, que desta vez já vem “vacinada” contra as saídas evasivas do Executivo.


 


De Salvador,


Rodrigo Rangel Júnior