Conferência do PCdoB é a maior já realizada na Bahia

O primeiro dia do encontro foi marcado pela presença de lideres políticos como o governador Jacques Wagner(PT), o diretor geral da ANP, Haroldo Lima e o presidente nacional do PCdoB Renato Rabelo.

A Conferência começou com mais uma prova da vocação do povo baiano para a diversidade cultural. Os delegados e delegadas foram presenteados com a apresentação do coral Canto de Todo Lugar que, mesclando canto e teatro, deu novas interpretações à canções populares como o samba do Arnesto, de Adoniran Barbosa, o ''Araketu é bom demais'', da banda de axé Araketu e o clássico “brega” Sandra Rosa Madalena de Sidney Magal  Regido pelo maestro Magno Aguiar, o coral é formado por funcionários das secretarias estaduais do Trabalho Emprego e Renda e Esporte (Setre) e do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes).

A abertura oficial do evento foi anunciada pelo presidente estadual do PCdoB, Péricles de Souza, que convidou para mesa o presidente nacional, Renato Rabelo, e outros  líderes políticos presentes para dar início às atividades. No primeiro dia, os delegados e delegadas discutiram o documento ''Audácia nas eleições de 2008'', elaborado pela atual direção estadual. O texto faz uma análise da gestão da direção, do contexto político baiano e sugere diretrizes para a ação partidária nos próximos dois anos, além de indicar os 63 integrantes da próxima gestão com mandato de dois anos. A eleição do novo Comitê Estadual acontece amanhã e serão decididas, pela primeira vez na Bahia por  voto secreto com utilização de um sistema misto – eletrônico e manual.  

A ideologia como opção

O primeiro a ocupar o microfone foi o diretor da ANP, Haroldo Lima, lembrou os 85 anos de trajetória do PCdoB que teve uma história de lutas regadas a sangue de muitos militantes durante os anos de clandestinidade e agora está realizando conferências abertas em todo o país com a participação de milhares de pessoas.  Ressaltou ainda a importância do Partido lançar uma candidata negra à Prefeitura da maior cidade negra fora da África, referindo-se à pré-candidatura de Olívia Santana a prefeita de Salvador. Lima reforçou ainda o caráter ideológico dos comunistas ''que acreditam na idéia de construção de uma sociedade onde não existam exploradores e explorados'', concluiu.

A importância da postura ideológica do PCdoB também foi ressaltada por Renato Rabelo, que lembrou as contribuições do partido nas grandes conquistas da sociedade desde a revolução russa de 1917. No Brasil, os comunistas não se dobraram nem durante a ditadura militar, quando se negaram a mudar de nome como fizeram outros partidos. Segundo Rabelo, o PCdoB passou 15 anos sem ter candidatos a cargos majoritários.''A decisão de investir no executivo veio no momento certo. Em 2008, o partido terá candidatos a prefeitos em 400 municípios em todo o país, 17 em capitais, entre quais cinco de mulheres'', declarou. Outro ponto importante para o partido é a  defesa das reformas necessárias para o desenvolvimento com distribuição de renda no Brasil.

Coerência e representatividade

Além de integrantes do PCdoB, representantes de vários partidos da base aliada compareceram ao evento. Entre eles os deputados federais Nelson Peregrino (PT) e João Bacelar (PR), os representantes do PPS, Carmelindo Prates, do PSB, Paulo Mascarenhas e do PSC, Ricardo Machado, o secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, além o secretário municipal de Reparação, Gilmar Santiago, representando o prefeito João Henrique. Foi de Santiago a declaração mais comentada e contestada da abertura. Depois de elogiar a pré-candidatura da vereadora Olívia Santana à prefeitura de Salvador, o secretário fez uma metáfora que desagradou a alguns participantes. Segundo ele, ''o PCdoB não costuma cuspir no prato que comeu e por isso estaremos juntos nas eleições, seja no primeiro ou segundo turno''.

Muita aplaudida, Olívia subiu à plenária pouco depois de Santiago e não deixou de responder à declaração do secretário. Para ela, ''o PCdoB não só não costuma cuspir no prato que comeu como sempre cuida dele, mas, eventualmente, pode trocar de prato'' Ainda sobre a polêmica envolvendo a pré-candidatura de Olívia, Santiago afirmou, em entrevista à reportagem, que as afirmações sobre uma possível saída do secretário Ney Campello,  da Secretaria de Educação e Cultura,  não passam de especulações infundadas. ''O prefeito está muito satisfeito com o trabalho da secretaria, que ostenta as maiores conquistas da gestão'', afirmou.

De Salvador,

Eliane Costa e Rodrigo Rangel