NOVOS TEMPOS: Um passo além dos prenúncios

Em artigo o presidente do PC do B maranhense, Gérson Pinheiro, avalia o momento político, destaca o fortalecicmento do partido e a realização da X Conferência Estadual.

O Partido Comunista do Brasil completa 85 anos e os comunistas do Maranhão inseridos no audacioso processo de construção de uma nova sociedade comemoram, além do crescimento partidário, as recentes conquistas das forças progressistas em nível nacional e estadual. Colocam-se, portanto, como guardiãs destes avanços e postam-se na linha de frente para impedir qualquer tentativa de retrocesso.
Toda uma geração de maranhenses, principalmente aqueles que fazem a luta progressista no estado, tem na ponta da língua o discurso de indignação para com as décadas de descaso a que o nosso estado tem sido submetido. Afinal, aprendeu que é cidadão da unidade mais pobre de um País capitalista dependente. Por repetidas vezes foi enganado com a promessa de instalação de um novo ciclo de desenvolvimento. De início a nova fronteira agrícola que causou brutal concentração de propriedade rural a partir da década de 60 e resultou na primeira grande onda de periferização de São Luís e dos principais centros urbanos do Estado, em seguida veio a promessa de instalação de um pólo minero-metalúrgico com base na CVRD e ALUMAR (final dos anos 70 início dos anos 80). São Luís transformou-se simplesmente em porta de saída das riquezas minerais da Amazônia Oriental sem maior agregação de valor e sem a necessária criação de um parque industrial derivado. Exemplo mais recente é o pólo de produção de soja nos gerais de Balsas, quase tudo para exportação in natura. A resultante dessa política que desconhece o local e despreza as pessoas que nele vivem e o produzem, é a coleção de títulos negativos impostos ao Maranhão: menor IDH do País, um dos maiores índices de analfabetismo, menor renda per capta, maior taxa de mortalidade infantil etc.
Quase tudo está por ser feito, mas já temos muito o que comemorar. Pela primeira vez na história um conjunto de forças políticas lideradas pelo campo progressista chega ao governo do estado com a vantagem de ter na presidência do Brasil um segundo mandato das forças progressistas lideradas pelo presidente Lula. A vitória estadual deu-se com base em uma plataforma programática que, em se tratando de crescimento econômico, muito se parece com a dos governos anteriores. O que nos diferencia, para o conjunto dos maranhenses que nos deram esta importante vitória, é justamente o fato de termos uma história voltada para o combate ao modelo de “desenvolvimento” conservador e neoliberal. Uma história na defesa do desenvolvimento local e da busca do nivelamento sócio-econômico com as demais unidades da federação e, na questão do indivíduo, a defesa de condições dignas de vida para todos através de uma distribuição mais equânime das riquezas produzidas.
A ousadia dos comunistas do Maranhão, ao colocarem-se como protagonistas deste novo momento, trouxe bons frutos. O PCdoB chega à plenária final de sua X Conferência com prestígio e influência política ampliada, passa a interferir definitivamente no quadro sucessório vindouro na capital e em importantes cidades do estado. São 147 diretórios correspondendo a 67,74% dos 217 municípios maranhenses. A eleição do deputado federal Flávio Dino e o seu brilhante desempenho no Congresso Nacional, somados à ação abnegada da militância partidária, transformaram o Partido em nova trincheira de lutas para dezenas de quadros dos movimentos sociais progressistas com atuação em todas as regiões do estado.
Com a têmpera adquirida ao longo da história de lutas, a flexão tática exigida pelo novo momento político e a visão estratégica da necessidade de lutar por novo modelo econômico, o Partido Comunista do Brasil assume a responsabilidade de juntamente com as forças mudancistas do Maranhão, fazer com que estes novos tempos sejam um passo além dos prenúncios.


Gérson Pinheiro, Presidente do Comitê Estadual do Maranhão