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Comando das Farc está na Venezuela para conversações de paz

Um grupo de representantes do Secretariado geral das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) está na Venezuela, para ''montar o processo do diálogo com o propósito de buscar a paz na Colômbia''. O anúncio foi feito neste domingo (4) pelo própr

Chávez, que discursou para um mar de gente na Avenida Bolívar, não entrou em maiores detalhes, mas adiantou que os membros do grupo rebelde ''já estão na Venezuela''. Anunciou também a presença no país de um emissário do presidente da França, Nicolas Sarkozy, interessado nas negociações porque uma das prisioneiras das Farc, ngrid Betancourt , possui dupla cidadania, colombiana e francesa.

''Acdordo humanitário é nossa tarefa''

''(A delegação) acaba de chegar na Venezuela. Não vou dizer onde estão, naturalmente, mas devo encontrar-me com eles. São vários representantes do Secretariado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia que afinal chegaram à Venezuela. Chegaram para começar as reuniões em função do acordo humanitário, que é nossa tarefa'', disse Chávez. Acrescentou que estava no país igualmente um ''alto chefe'' do ELN (Exército de Libertação Nacional), a segunda maior formação guerrilheira da Colômbia.

''Também temos aqui em Caracas um emissário do presidente da França, que chegou por estes dias com o mesmo objetivo''.

Semanas atrás, Hugo Chávez anunciou que sua primeira reunião com a direção das Farc não pudera se realizar devido a problemas de segurança. Na ocasião, comentou que há setores na Colômbia decididos a torpedear o trabalho de mediação, visando chegar a um acordo humanitário com as Farc. A maior e mais antiga organização guerrilheira da América Latina na atualidade atua desde 1966 e conta com cerca de 17 mil combatentes.

Um desafio de alto risco

O papel de Chávez como mediador do conflito colombiano foi proposto em agosto deste ano pela senadora Piedad Córdoba, do Partido Liberal da Colômbia, mulata, feminista e progressista. O objetivo é obter uma troca de prisioneiros entre a guerrilha e o governo do presidente Alvaro Uribe e, talvez, abrir as portas para negociações como as que tiveram lugar entre 1998 e 2000.

Chávez aceitou prontamente o desafio, apesar dos riscos da delicada negociação. Obteve o apoio da França e com a chegada dos interlocutores prometeu iniciar imediatamente as conversações. Um êxito na empreitada, embora duvidoso, devido ao envenenado ambiente colombiano, emprestaria nova dimensão à imagem do controvertido presidente venezuelano.

A Colômbia, com a segunda maior população (46 milhões de habitantes) e o quarto PIB (US$ 180 bilhões) da América do Sul, é vista hoje como o único remanescente de certa importância do direitismo e do pró-americanismo incondicional no continente. Uribe elegeu-se e reelegeu-se presidente em 2002 e 2006 prometendo uma solução militar para o conflito, mas, depois de mais de cinco anos, não obteve avanços visíveis. Neste quadro, o acordo humanitário, abertamente defendido pelas Farc, pode representar uma mudança importante na cena político-militar colombiana.

Da redação, com agências