Comando das Farc está na Venezuela para conversações de paz
Um grupo de representantes do Secretariado geral das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) está na Venezuela, para ''montar o processo do diálogo com o propósito de buscar a paz na Colômbia''. O anúncio foi feito neste domingo (4) pelo própr
Publicado 05/11/2007 01:31
Chávez, que discursou para um mar de gente na Avenida Bolívar, não entrou em maiores detalhes, mas adiantou que os membros do grupo rebelde ''já estão na Venezuela''. Anunciou também a presença no país de um emissário do presidente da França, Nicolas Sarkozy, interessado nas negociações porque uma das prisioneiras das Farc, ngrid Betancourt , possui dupla cidadania, colombiana e francesa.
''Acdordo humanitário é nossa tarefa''
''(A delegação) acaba de chegar na Venezuela. Não vou dizer onde estão, naturalmente, mas devo encontrar-me com eles. São vários representantes do Secretariado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia que afinal chegaram à Venezuela. Chegaram para começar as reuniões em função do acordo humanitário, que é nossa tarefa'', disse Chávez. Acrescentou que estava no país igualmente um ''alto chefe'' do ELN (Exército de Libertação Nacional), a segunda maior formação guerrilheira da Colômbia.
''Também temos aqui em Caracas um emissário do presidente da França, que chegou por estes dias com o mesmo objetivo''.
Semanas atrás, Hugo Chávez anunciou que sua primeira reunião com a direção das Farc não pudera se realizar devido a problemas de segurança. Na ocasião, comentou que há setores na Colômbia decididos a torpedear o trabalho de mediação, visando chegar a um acordo humanitário com as Farc. A maior e mais antiga organização guerrilheira da América Latina na atualidade atua desde 1966 e conta com cerca de 17 mil combatentes.
Um desafio de alto risco
O papel de Chávez como mediador do conflito colombiano foi proposto em agosto deste ano pela senadora Piedad Córdoba, do Partido Liberal da Colômbia, mulata, feminista e progressista. O objetivo é obter uma troca de prisioneiros entre a guerrilha e o governo do presidente Alvaro Uribe e, talvez, abrir as portas para negociações como as que tiveram lugar entre 1998 e 2000.
Chávez aceitou prontamente o desafio, apesar dos riscos da delicada negociação. Obteve o apoio da França e com a chegada dos interlocutores prometeu iniciar imediatamente as conversações. Um êxito na empreitada, embora duvidoso, devido ao envenenado ambiente colombiano, emprestaria nova dimensão à imagem do controvertido presidente venezuelano.
A Colômbia, com a segunda maior população (46 milhões de habitantes) e o quarto PIB (US$ 180 bilhões) da América do Sul, é vista hoje como o único remanescente de certa importância do direitismo e do pró-americanismo incondicional no continente. Uribe elegeu-se e reelegeu-se presidente em 2002 e 2006 prometendo uma solução militar para o conflito, mas, depois de mais de cinco anos, não obteve avanços visíveis. Neste quadro, o acordo humanitário, abertamente defendido pelas Farc, pode representar uma mudança importante na cena político-militar colombiana.
Da redação, com agências