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Ex-bispo crê em apoio no Brasil por novo acordo em Itaipu

O ex-bispo Fernando Lugo, candidato à Presidência do Paraguai, disse ver receptividade de autoridades brasileiras e de membros do Partido dos Trabalhadores (PT) à sua proposta de rever o preço que o Brasil paga ao Paraguai pela energia elétrica de Itaipu.

Lugo, que deixou a batina para se candidatar por uma coalizão de esquerda, esteve em São Paulo na última quinta-feira (18) para participar de um evento do Cesep, entidade ligada à teologia da libertação.



Falando sobre sua proposta para Itaipu, ele citou o exemplo da Bolívia, que colocou o setor de gás sob controle estatal. “Há mais de uma no começamos uma campanha de recuperação da soberania energética do Paraguai.”



Lugo e sua coalizão contestam o Tratado de Itaipu, de 1973, que criou a empresa binacional. O acordo diz que o Paraguai só pode vender ao Brasil a sua parte não utilizada da energia de Itaipu e estipula o preço. “O tratado tem dois problemas básicos. Foi feito por ditaduras, num momento de falta de liberdade, e não é eqüitativo, não é justo com o Paraguai”, afirmou.



Ele gostaria de poder vender a energia de Itaipu para outros países (o que o Brasil não aceita) ou conseguir um reajuste do preço. “O valor que o Paraguai recebe é inadequado, está longe do preço de mercado da energia.”



Tratamento mais justo



Segundo Lugo, o Paraguai recebe US$ 260 milhões por ano pela energia que vende ao Brasil (de Itaipu) e à Argentina (da hidrelétrica binacional Yacyretá). “Achamos que o valor justo seria US$ 3,5 bilhões.” Metade viria do Brasil.



Mas ele mesmo atenua essa pretensão. “Não sou otimista a ponto de achar que podemos conseguir tudo isso”, disse. Mas lembra que o “Paraguai é o menor país da região em termos econômicos. Temos de pedir um tratamento mais justo”.



Para rever o tratado é preciso a concordância de ambos os países. “E é lógico que o Brasil não quer rever”, admite. Mas ele diz que há sinais positivos do lado brasileiro.



“Não somos governo, por isso não tivemos oportunidade de apresentar a proposta oficialmente.” Informalmente, porém, ele expôs seus planos a autoridades brasileiras e membros do PT (que ele não identificou). “Ficamos aliviados pois percebemos muita receptividade. As pessoas expressaram desconhecimento dos brasileiros com o funcionamento do acordo, da sua parte econômica.”



Lugo, que lidera as pesquisas para as eleições de 2008, não contempla uma ação unilateral. Mas deixa claro: “Que pelo menos que nos paguem o preço de mercado”.



Fonte: Valor Econômico