IBGE admite distorções

Presidente do IBGE admite distorções e muda

metodologia para contagem da populacão

Dados distorcidos na projeção populacional nos municípios brasileiros levaram o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, a anunciar mudanças na metodologia aplicada até este ano. Os novos critérios, no entanto, valerão somente a partir de 2010, em substituição ao sistema atual, que se baseia nos dois últimos censos. As mudanças foram anunciadas por Eduardo Pereira durante audiência na Comissão da Amazônia, ontem, atendendo a requerimento da deputada Perpétua Almeida (PCdoB/AC).

Nas cidades do Norte do Brasil, as distorções são mais acentuadas, e provocaram questionamentos públicos dos prefeitos. O município de Rio Branco “perdeu” 44 mil habitantes em relação ao último levantamento, de acordo com resultado preliminar, publicado no Diário Oficial da União (DOU) do dia 30 de agosto deste ano. “Corremos o sério risco de perder R$ 10 milhões no próximo ano”, disse o prefeito Raimundo Angelim. Em todo o país, 3.472 cidades perderam população.

“É preciso mudar estes critérios, uma vez que o cálculo da população serve de base ara o repasse de verbas aos municípios pelo governo federal. As distorções verificadas agora estão afetando os investimentos das prefeituras em diversas áreas vitais, como Saúde, Educação e Segurança”, disse a deputada durante a audiência pública.

O presidente da Associação dos Municípios da Amazônia, Anderson José de Souza, que é prefeito de Rio Preto da Eva (AM), disse que “em 2008 131 cidades do Norte sofrerão queda nos repasses do FPM.

“O aumento ou diminuição de população depende das tendências verificadas nos últimos sensos. O IBGE não tem condições de incorporar quais mudanças em seus estudos”, admitiu Eduardo Pereira. O estudo de campo referente ao Censo de 2007 foi concluído ontem e o resultado oficial será divulgado no dia 5 de outubro. O prazo para questionamento ao censo será de 5 a 25 do mesmo mês. Este prazo é considerado curto, segundo alguns prefeitos descontentes, já que o Tribunal de Contas da União definirá, na primeira quinzena de novembro, os valores do FPM.

Perpétua Almeida disse que cobrará do IBGE explicações didáticas sobre os novos critérios, especialmente em relação à contagem da população rural, que sobrevivem basicamente destes repasses.

Rio Branco

O Censo 2006 apontou Rio Branco com 314.000 habitantes; os levantamentos até o dia 20 de agosto de 2007 indicam que os rio-branquenses somariam, hoje, 270.240 pessoas, perfazendo um encolhimento inexplicável de 14% da população local.

A prefeitura decidiu promover uma contagem em 23 bairros distribuídos nas sete regionais. O prefeito Raimundo Angelim garantiu que 39% das famílias informaram que não receberam a visita do IBGE. Vários prefeitos da Amazônia questionam a pesquisa do IBGE afirmando que os serviços médicos e na área da Educação permitem afirmar que o número de habitantes só cresceu.

A permanecer os dados atuais, cidades como Cruzeiro do Sul, Feijó, Plácido de Castro e Bujari sofrerão impactos fulminantes em suas receitas. Curiosamente, houve incremento substancial da no número de habitantes em cidades pouco populosas como Marechal Taumaturgo (+ 4.460 pessoas) e Porto Valter (mais 3.100 pessoas).