19% dos paulistanos viram cópia pirata de 'Tropa de Elite'

Para a pesquisa, foram entrevistadas 601 pessoas. A margem de erro é de quatro pontos percentuais. “Se fosse no Rio, esse número (19%) seria muito maior. Acho que 5 milhões viram o filme, em São Paulo e no Rio, só por cópia pirata, espontaneamente, sem nenhum investimento de marketing”, arrisca o diretor do filme, José Padilha.

 

Tropa de Elite – que retrata o cotidiano de policiais do Bope, grupo de operações especiais da polícia carioca – foi pirateado antes mesmo de sua pré-estréia oficial. Cópias ilegais começaram a ser comercializadas por camelôs no Rio já em agosto passado. Em pouco tempo, o DVD ilegal se espalhou pelo comércio ambulante do país.

 

“Há algo diferente com esse filme”, constata Padilha. “A pirataria é ruim, mas esse fenômeno demonstra uma demanda da população pelo filme e mostra que o cinema é relevante para a cultura nacional.” Segundo o diretor, cópias piratas já estão à venda até em Moçambique. Ainda de acordo com a pesquisa Datafolha, 77% dos paulistanos já ouviram falar de Tropa de Elite.

 

Teor

 

Um debate sobre o caráter do filme, acusado de fazer apologia à polícia e de ser fascista, surgiu na mídia. “Nunca antes na história deste país um filme teve uma repercussão como essa na mídia”, brinca o diretor. “Só Cidade de Deus gerou um debate tão acalorado. Fico feliz porque temos que discutir segurança pública no Brasil”, agrega.

 

Tropa de Elite é exibido nos cinemas de São Paulo e do Rio desde sexta-feira, com 140 cópias. Foi a segunda antecipação na data de estréia. Na próxima sexta, dia 12, o longa entra em cartaz no restante do país.

 

O diretor espera a estréia nacional para avaliar o desempenho de bilheteria do filme. “Tenho medo dessa abertura, que foi mudada na (última) terça. Não teve mídia nem TV.” Para Padilha, se, neste fim de semana, mil pessoas assistirem a cada cópia do filme, o que significa 140 mil espectadores, o resultado será “muito bom”.

 

Aprovação

 

Entre os entrevistados pelo Datafolha que já assistiram ao filme, 33% afirmam que pretendem revê-lo “com certeza” na tela grande. Dentre os que já viram, 43% afirmam que não pretendem ir ao cinema.

 

“Se cada uma dessas pessoas for acompanhada – que é o que acontece geralmente no cinema – recuperamos duas vezes esses 33%. Outras pessoas já disseram isso, é um filme que pode ser visto uma, duas, três vezes”, argumenta Padilha.

 

A taxa de aprovação do filme é alta. Entre aqueles que assistiram ao longa, 80% o classificaram como ótimo ou bom; 13%, como regular; e 7%, como ruim ou péssimo. “Esses 80% viram o filme não-finalizado, com som ruim e não na sua versão final”, afirma ele.

 

Fonte: Folha de S.Paulo