Perpétua anuncia comitê em defesa do Rio Acre

O Rio Acre que abastece de água pelo menos 5 municípios, inclusive a capital pode estar extinto em 14 anos, se medidas urgentes não forem tomadas para salvá-lo.










 


Parlamentar elogiou matéria do Página 20 denunciando poluição



Marcos Vicentti
Foto de Marcos Vicentti
retratou a poluição que atinge o rio



Em pronunciamento na Câmara Federal, na manhã desta terça-feira, a deputada Perpétua Almeida anunciou a criação de um comitê para evitar que o Rio Acre morra. Uma reunião está sendo agendada pelo gabinete da deputada para acontecer na próxima segunda-feira, em Rio Branco, com representantes das seguintes entidades e instituições: Departamento de Geografia da Ufac, Associação dos Geólogos, Ibama, Ministério Público, Assembléia Legislativam, secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente e Exército. A proposta é conhecer o levantamento e os estudos atualizados que apontam riscos iminentes ao principal manancial do Estado, e definir um plano de ação imediato capaz de evitar os danos irreversíveis à saúde pública.


A deputada lembrou a palavra de ordem – “Salvem o Rio Acre” – em tons de apelos e alertas emitidos às autoridades do estado pela imprensa local. “É inconcebível aceitar tudo isso passivamente, em plena Amazônia brasileira, numa das cidades que mais têm lutado para sobreviver. Em nome do desenvolvimento sustentável e da preservação do rio, isso tem que mudar”, disse a deputada, que pedirá auxílio dos jornais eletrônicos e blogs acreanos para aderirem à campanha.


A deputada considerou extremamente positivas reportagens como a intitulada “Rio Acre Pede Socorro”, de autoria do jornalista Whilley Araújo com fotos de Marcus Vicentti, publicada no dia 12 deste mês. O texto cobrava uma solução das autoridades para a obstrução do rio pelo lixo doméstico e comercial lançado nas águas sem critério ou fiscalização. Imediatamente, o comandante do 4º BIS, Francisco Cândido Amaral Schroeder, destacou um grupo de 55 homens para a remoção dos entulhos em volta das pontes nova e Juscelino Kubstcheck. A acão do Exército foi um paliativo.


A prefeitura de Rio Branco tem apresentado políticas pouco eficientes para salvar o rio, e prioriza, sobretudo, planos de contingência sazonais, voltados ao socorro de ribeirinhos em épocas de enchente e estiagem. O secretário municipal Artur Leite (Meio Ambiente) trabalha na redação de um plano que será apresentado nos próximos dias à sociedade.


O último apelo às autoridades foi feito pelo geógrafo Claudemir Mesquita. Ele afixou uma placa num banco de areia no meio do rio, com a seguinte inscrição: “nosso santuário é um ser que padece”.


ENTREVISTA CLAUDEMIR MESQUITA


Como devolver a vida ao Rio Acre?


Claudemir Mesquita: O Estado deve pôr em prática o seu plano de revitalização das nascentes e igarapés. É preciso chamar todos os prefeitos do Vale do Acre, os líderes comunitários, presidentes de associações urbanas e rurais. A Semeia tem a responsabilidade de permear um viés com essas comunidades para o sucesso dessa campanha.


Há consciência da parte dos ribeirinhos?


Claudemir Mesquita: Não, não há. Aliás, estas pessoas que vivem às margens deste santuário precisam entender que o Rio Acre é nosso e não podemos perdê-lo. Outra coisa: somente com conscientização será possível preservar as lavouras, as plantações que servem de fonte subsistência para as famílias. Os que cuidarem bem, terão, como recompensa, incentivos do poder público. É preciso empolgar para garantir a produção e a preservação. Veja bem, temos um programa chamado Luz Para Todos que chega em toda a parte deste Estado. Por que não incentivar essas famílias com um computador?