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Trio de MPB se apresenta em Havana com espetáculo de “luxo”

Depois de uma “maratona” de shows na América Latina e Europa, pela primeira vez, se apresenta em Cuba o Trio de Benjamin Taubkin, Zeca Assumpção e Sérgio Resende, em espetáculo definido pela Agência Cubana de Notícias como “luxuoso”.

Herdeiro da rica tradição musical, o trio composto por três instrumentos piano, baixo e bateria, fará um programa não convencional integrado por três peças originais do próprio Taubkin e mais duas jóias do cancioneiro popular brasileiro. Aliás, realizará uma performance junto com vários dos mais renomados músicos da ilha.



Entre eles o laureado pianista Harold López Nussa, o baterista Ruy López Nussa, Jorge Reyes no baixo, o jovem Yasek Manzano na trombeta e Javier Zalba no saxofone.



Na altura da coletiva de imprensa o repertório desse segmento do show ainda não estava definido, mas decerto conjugará vários dos momentos mais felizes da música de ambos os países, pois tanto os convidados, como os artistas nacionais, expressaram sua mais profunda e mútua admiração pelo acervo sonoro destas duas potências melódicas.



“É como vir jogar basquete em um país com um time forte”, disse Taubkin, que ainda agradeceu os organizadores do concerto, particularmente o Centro Nacional de Música desse tipo, na pessoa de sua sub-diretora Madeleine Masses e a Embaixada Brasileira em Havana, representada pela Conselheira Sra. Silva Peixoto Dunley, que em grande medida, contribuiu para a concretização deste show.



Madeleine Masses aproveitou a ocasião para dar-lhes as boas-vindas oficiais à ilha e salientar o grande carinho que nutrem os cubanos pelos brasileiros.



Ao ser apresentado pelo seu companheiro Zeca Assumpção fez um breve percurso por sua trajetória artística que inclui, além de uma riquíssima obra própria ao lado de músicos da estatura de Egberto Gismonti, especialíssimas participações em discos de astros da MPB como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Simone.



Por sua vez Sérgio Resende, encarregado da percussão, e de certa maneira catalisador do projeto (foi ao observar sua arte que Taubkin perdeu uma sorte de preconceito que tinha contra trios e formações afins, bastante banalizados a partir de propostas pouco artísticas) relatou suas experiências no campo da música e como em ocasiões universos musicais tão próximos pelas raízes e forma, estavam tão distantes, sobretudo, pela falta de informação existente.



Tanto ele, como Taubkin, que além deste projeto integra mais alguns, entre os quais podemos citar a Orquestra de Câmara Popular e um coletivo de músicos de sete países latino-americanos, têm agora uma melhor percepção sobre a riqueza do patrimônio sonoro não só de Cuba, mas de outras nações como a Bolívia e a Venezuela, que contam com pujantes movimentos culturais.



Taubkin salientou que aos poucos vai construindo-se uma resposta ao mercado, mesmo fazendo parte dele de forma sutil, pois a música que ele e outras pessoas com inquietudes mais artísticas do que mercadológicas fazem, vai abrindo-se espaços, sem ter uma projeção midiática tão acentuada. Seus mais recentes shows na Europa e na Colômbia o demonstram.



O pianista e compositor disse que há atualmente umas 300 gravadoras independentes no Brasil, sobretudo em mãos de artistas 'auto-produtores', que já se saíram do eixo Rio-São Paulo, abrindo o leque de possibilidades criativas. Aliás, comentou que a chance de cem artistas venderem dez mil discos cada um, sempre seria melhor que apenas um vendesse um milhão, como acontece.



“Não pretendemos fazer uma competição, mas confraternizar”, disse no encerramento o músico cubano Jorge Reyes, salientando, mais uma vez o grau de amizade e irmandade estabelecida entre os músicos da ilha e Brasil.



O show está previsto para o sábado 22, às 20h30 no teatro “Amadeo Roldán”, que já recebeu outras figuras de altos quilates da MPB como o próprio Gismonti e Ivan Lins.