Fábio Araújo: Ousadia para resolver os problemas de Cabedelo

Acompanhado  pelo presidente do PCdoB/Cabedelo ,Ricardo Tabosa, que também preside a Inter-Sindical – organização que congrega os cinco sindicatos dos trabalhadores do porto; Fábio Araújo falou sobre o Porto paraibano, sobre o turismo e perspectivas eleitorais para o próximo ano

 

Vermelho: Na última semana, a Câmara de Vereadores de Cabedelo votou pelo arquivamento de uma denúncia de malversação do dinheiro público contra o Prefeito José Francisco Régis (PDT). Como o senhor avalia essa decisão?

 

Fábio Araújo: A Câmara decidiu não investigar a denúncia. O nosso mandato votou pela apuração, independente de sermos situação ou oposição gostaríamos de ver a denúncia apurada, era essa a vontade do cidadão de Cabedelo. As pessoas esperavam por um resultado positivo e abrir uma comissão processante na Câmara seria uma resposta necessária, significaria mostrar a seriedade dos nossos parlamentares e seu compromisso político.

 

Vermelho: Quantos votos seriam necessários para criar a Comissão que poderia  investigar a denúncia?

 

Fábio Araújo: Seriam necessários dois terços da Câmara, no caso seis votos; e por um resultado de cinco votos contrários e quatro a favor, a Câmara perdeu a oportunidade de amadurecer politicamente e demonstrou um enfraquecimento político que certamente só favorece as desigualdades e à exclusão social no nosso município.  Isso porque essa comissão não afastaria o Prefeito ou declararia sua culpa, mas iria investigar essa questão a fundo, minuciosamente, e seria pelo menos um bom exercício político para a Câmara e para o povo de Cabedelo que precisa aprender a acompanhar de perto as ações de seus representantes.

 

Vermelho: Recentemente foram feitas obras no Porto, como a dragagem para garantir uma profundidade mínima para receber navios de maior calado. Esse investimento tão propagado pelo Governo Estadual se constituiu de fato num beneficio para a população de Cabedelo?

 

Fábio Araújo: De modo algum! A draga vive mais em manutenção do que em atividade… Foram investidos 2,4 milhões na dragagem do porto, no entanto não foi destinado nem mesmo um recurso mínimo para a batimetria, que é uma fase importante do serviço onde se efetua a verificação e fiscalização da obra e se ela atende às necessidades. Essas informações que deveriam ser públicas — um laudo importante como o da batimetria — é sonegado às representações dos trabalhadores do Porto. Essa obra é um mistério. Continuamos com problemas sérios e o pior é que o Governador se recusa a receber os trabalhadores para discutir essas questões, ele despreza o maior patrimônio do Porto de Cabedelo: seus trabalhadores!

 

Vermelho: Então toda a propaganda do Governo Estadual com relação ao Porto de Cabedelo não corresponde à realidade?

 

Fábio Araújo: Não, não corresponde… Toda a propaganda do Governo foi virtual, não passa perto da realidade do Porto. O governador Cássio Cunha Lima é descompromissado com o maior patrimônio do estado, usa o porto apenas para acomodação política e despreza o critério técnico na composição da administração do porto.

 

Vermelho: Que ações o seu mandato tem desenvolvido visando buscar soluções para esse problema?

 

Fábio Araújo: Em conjunto com a Inter-Sindical temos buscado alternativas, provocado sessões públicas na Câmara, na Assembléia Legislativa e buscado apoio também no parlamento federal. Procuramos suprir também a lacuna deixada pelo gestor público no sentido de melhorar as relações do Porto com os importadores e exportadores do estado. Nesse sentido temos feito bons contatos, com uma receptividade fantástica, o que só demonstra a falta de interesse do Governo com esse setor.

 

Vermelho: Além do Porto, um forte potencial de Cabedelo pode ser o turismo, no entanto esse também parece ser um setor pouco explorado…

 

Fábio Araújo: Cabedelo tem grandes recursos naturais! Praias lindas como essa aqui, ou como a Praia do Jacaré, ou ainda Areia Vermelha ou o Forte de Santa Catarina. Mas não tem empreendedorismo, a população não sabe a dimensão que pode ter o turismo, não é incentivada a olhar o turismo como um potencial, isso ajuda a acentuar a grande situação de exclusão social que essa cidade enfrenta! Cabedelo tem a maior renda per capta do estado, é o segundo IDH do estado, o segundo ICMS do estado, perdendo apenas para a capital, João Pessoa, é inadmissível que com todas essas características ainda tenha gente morando em barracos, com chão de barro, sem a mínima estrutura como é tão comum ainda nessa cidade!

 

Vermelho: A solução é o turismo?

 

Fábio Araújo: A solução é a melhor distribuição de renda, é a divisão dos recursos que essa terra oferece seja através do Porto, seja através do turismo, seja através de projetos sociais que favoreçam a população, da boa administração dos recursos públicos.

 

Vermelho: Ainda sobre essa questão do turismo existe algum projeto de sua autoria que apresente propostas a respeito?

 

Fábio Araújo: Além da proposição da Frente Parlamentar de Turismo, a PARLATUR, nosso mandato realizará muito em breve um encontro com todas as pessoas envolvidas no ramo do turismo. Hoteleiros, micro-empresários, donos de restaurantes, cidadãos, poder público. Todos reunidos em um seminário para discutir, traçar um raio-X da situação do turismo em Cabedelo e daí retirar propostas e encaminhamentos legítimos, partindo da vivência de cada um.

 

Vermelho: Vereador, nesta conjuntura e levando em consideração as eleições de 2008, quais são seus objetivos?

 

Fábio Araújo: Nós estamos discutindo o projeto eleitoral para o ano que vem. Mas o PCdoB tem aproveitado o bom momento político, temos recebido muito apoio de vários setores e a intenção é sairmos com chapa própria no ano que vem, apresentando meu nome como alternativa de candidatura majoritária. 

 

Vermelho: Quando haverá uma definição das candidaturas?

 

Fábio Araújo: A Conferência Municipal acontecerá no dia 6 de outubro, até lá estamos em um processo que envolve uma intensa campanha de filiação e a discussão do projeto eleitoral nas nossas bases. Nosso partido tem crescido muito, principalmente ente os líderes comunitários, entre os trabalhadores e cada vez mais tem se firmado a idéia de uma chapa própria para prefeito.

 

Vermelho: Para finalizar, o senhor acredita que uma candidatura do PCdoB reuniria os demais partidos de esquerda, ou pelo menos dos partidos que constituem o Bloco de Esquerda na Câmara Federal?

 

Fábio Araújo: É provável que não. Já se desenham outras candidaturas nesse campo. Mas apesar de não haver ainda unidade no Bloco, a candidatura do PCdoB surge das massas, da periferia, da classe trabalhadora e é muito bem recebida pela intelectualidade, portanto estamos muito confiantes no resultado positivo.

 

 

De Cabedelo
Ana Cristina Santos