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Contra poluição, China vive febre de ISO de gestão ambiental

Parece contradição, mas um dos países onde a poluição industrial atinge níveis assustadores é também um dos que registram maior crescimento de empresas certificadas com ISO 14001, a norma internacional de gestão ambiental corporativa. A China tem hoje cer

Os números são do vice-presidente do Comitê Técnico 207 da Organização Internacional de Normalização da ISO , o carioca Haroldo Lemos, que esteve na reunião anual da entidade, em junho, em Pequim. A organização é responsável pelo desenvolvimento de normas ISO 14000, sobre gestão ambiental. A família 14000 abarca diversas normas específicas – entre as quais para desempenho ambiental e avaliação de ciclo de produto. A ISO 14001 é a única da família que concede certificação.



A explosão de certificações na China tem uma explicação simples, diz Lemos. Há cerca de três anos, o governo chinês impôs como regra que as empresas começassem a conter a poluição. Motivo: a saúde das pessoas, a produtividade e a imagem das fábricas chinesas para os importadores começavam a ser afetadas.



“Essa decisão levou as empresas a terem de se preocupar mais com questões ambientais. E uma das ferramentas para isso é a ISO 14001.” Para obter a certificação, a empresa precisa criar uma política própria para reduzir os impactos ambientais da produção, seguir uma série de procedimentos para redução das emissões, de consumo de energia e de maior controle dos dejetos, entre outros cuidados.



Japão ainda lidera



Lemos, que também é professor de engenharia ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que o número de certificações da China começa a se aproximar da marca do Japão, país com o maior número de empresas – cerca de 30 mil – com a ISO 14001 no mundo. As empresas do Japão começaram a buscar a certificação ainda em 1996, quando a norma foi lançada. O Brasil, campeão na América Latina em ISO 14001, engatinha em relação a outros países, com apenas 3,5 mil empresas certificadas.



Na China, apesar do aumento das certificações, o impacto provocado pela produção industrial segue alarmante. A qualidade do ar em Pequim é a segunda pior do mundo, melhor apenas do que Nova Déli, na Índia, segundo a ONU. E, com a aproximação dos Jogos Olímpicos de 2008, a poluição se converteu num problema-chave para autoridades chinesas. O medo é que o ar de Pequim prejudique atletas ou altere o calendário de algumas provas, o que seria um desastre em termos de imagem.



Segundo Haroldo Lemos, tanto multinacionais que operam no país quanto empresas nacionais estão buscando ISO 14001. Mas, na opinião de Elizabeth Economy, diretora para Ásia do Conselho de Relações Internacionais dos EUA, embora a maior parte da poluição na China seja provocada por empresas nacionais, as multinacionais tendem mas a ser alvo de críticas por parte dos chineses como causadores de problemas ambientais. Por isso, disse ela na semana passada, grandes grupos estrangeiros têm se esforçado para lidar com a questão ambiental “como forma de serem reconhecidas como boas empresas-cidadãs”.



Fonte: Valor Econômico