Pesquisa mostra vitória da mobilização dos metalúrgicos de Caxias do Sul

O Instituto IPO realizou pesquisa com a categoria metalúrgica de Caxias do Sul, para avaliação do cenário após o dissídio. O objetivo foi medir o grau de satisfação e motivação dos trabalhadores com a mobilização e os resultados obtidos na campanh

“Os números são excepcionais, na avaliação da direção do Sindicato. Comprovam que ocorreu uma vitória expressiva dos metalúrgicos e metalúrgicas neste dissídio. Tanto no que se refere à questão econô-mica, pois foi possível garantir o maior índice do RS e um dos melhores do país, como também quanto à luta por valorização do trabalho, e o debate sobre qual desenvolvimento os trabalhadores querem”, afirmou o presidente do sindicato, Assis Melo.


 


A constatação apresentada pela pesquisa é de que houve envolvimento qualitativo dos trabalhadores, com forte espírito de unidade e luta. Para Melo, “isto revela que ocorreu ampliação do nível de união e consciência da categoria, que reconhece o seu papel na sociedade. Uma categoria importante, que precisa ser valorizada e que pensa o desenvolvimento local e nacional. Se coloca ao lado do povo na luta pelas transformações que a sociedade precisa”.


 


Sindicato da classe


 


Um dos ítens comemorados pelo sindicato é a questão relativa ao papel da entidade, a primeira pergunta do questionário. 85,2% dos entrevistados responderam que é a representação da classe e luta pelos direitos da categoria. Quando a questão foi a avaliação sobre a campanha salarial como um todo, 90% dos entrevistados disseram que a luta foi positiva, e cerca de 95% avaliaram como positiva a mobilização feita pelo Sindicato.


 


Acordo vitorioso


 


Outra questão importante refere-se às reivindicações sobre a valorização do trabalho, que o Sindicato trabalhou intensamente no dissídio. 98% dos entrevistados consideraram positiva e necessária esta luta. Quando a questão foi o acordo alcançado no dissídio, a avaliação positiva é de cerca de 85%.


 


 


Trabalhadores condenam postura da patronal


 



Os números são particularmente reveladores quando a questão é o desempenho do sindicato dos trabalhadores e da patronal, no dissídio. 86,3% consideraram como muito boa a condução dada pelo sindicato na campanha, enquanto que 59,2% consideraram negativa a postura dos patrões. Grande parte dos entrevistados declarou que uma das coisas que mais pesou na campanha foi a falta de valorização dos trabalhadores por parte da patronal. Em questão espontânea, os patrões aparecem como ganaciosos.


 


 


Solidariedade de classe


 


Um dos ítens que revela a disposição de união e solidariedade dos metalúrgicos e metalúrgicas foi a hipótese sobre a possibilidade da construção de um fundo de mobilização (fundo de greve). 69,9% dos entrevistados acham que é importante o sindicato constituir o fundo e contribuiriam para isso, enquanto que 10% acham que “talvez seja importante”. Isto, na opinião dos sindicalistas, revela que há disposição na categoria para a criação de formas alternativas de mobilização, para enfrentar a intransigência patronal, revelada neste dissídio, como foi o caso dos Interditos Proibitórios e a ação de seguranças contratados pelas empresas e polícia militar. Na avaliação do Sindicato, é hora de intensificar a organização nos locais de trabalho, e aprofundar o padrão de luta da categoria.


 



A pesquisa foi realizada entre os dias 13 e 17 de agosto. Entrevistou 209 trabalhadores. O intervalo de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 6 pontos percentuais para mais ou para menos, sobre os resultados encontrados no total da amostra.


 


 


De Caxias do Sul
Clomar Porto