Lançamento consolida Bloco de Esquerda em SP

Cerca de mil lideranças políticas superlotaram o auditório do Palácio do Trabalhador, nesta segunda feira, para prestigiar o lançamento do Bloco de Esquerda no estado de São Paulo. A frente, que reúne PCdoB, PSB, PDT, PRB, PMN e PHS, foi criada durante o

A marca do ato foi a consolidação do Bloco como alternativa política para São Paulo e para o país. Prestigiaram o lançamento, além de prefeitos e deputados estaduais, os deputados federais por São Paulo Aldo Rebelo (PCdoB), Paulinho (PDT), Márcio França e Luíza Erundina (PSB). Também compareceram o ministro Orlando Silva (PCdoB), a deputada gaúcha Manuela D'Ávila (PCdoB), Ciro Gomes (PSB-CE), o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, o presidente do PRB, Vitor Paulo, e Roberto Amaral, presidente em exercício do PSB.


 


Bloco pra Valer


 


Paulo Pereira da Silva (PDT), primeiro orador, declarou que a frente não nasce contra o governo Lula, mas que deve procurar levá-lo a ''implementar um programa para aqueles que realmente têm ficado à margem do governo, até para ajudar o governo''. O líder do Bloco na Câmara destacou que a união dos partidos não é ocasional e que pretendem caminhar juntos nas disputas eleitorais. ''Este Bloco é para valer. Este Bloco é para as eleições de 2008 e, se der certo, para as eleições de 2010'', afirmou.


 


O deputado federal Ciro Gomes enfatizou o caráter histórico das desigualdades sociais brasileiras. ''A concentração de renda não é obra da vontade de Deus, nem é conseqüência da gravidade, que puxa a laranja do pé para o chão. Tudo isso aconteceu por um arranjo institucional que a política fez e só a política pode desfazer''.


 


Falando sobre a carga tributária, Ciro elencou medidas que levariam em conta os interesses do desenvolvimento e os desequilíbrios sociais na taxação e que deveriam estar num programa proposto pela esquerda nos dias de hoje. ''Ao invés de se cobrar mais [impostos] do trabalho, se cobrar mais do patrimônio. Ao invés de se cobrar mais do consumo popular, se cobrar mais do consumo de luxo''.


 


Brizola, Amazonas e Arraes


 


O ex-ministro avaliou como positivo o momento vivido pelo país e que o longo período de estagnação econômica e de concentração de renda apresenta sinais de reversão sob os governos Lula. ''O Brasil está crescendo hoje o dobro da média que cresceu nos últimos 25 anos. O Brasil pela primeira vez em 30 anos tem indicadores de desconcentração de renda. O Brasil criou milhões de vagas para filhos de trabalhadores sem acesso à universidade. Ainda está longe daquilo que queremos para uma universidade pública, gratuita e de qualidade, mas é uma contribuição importante do Prouni. Eu acho que nós começamos, não faz sentido que nós nos percamos no caminho'', afirma.


 


Muito aplaudido, ele lembrou ícones dos três maiores partidos do Bloco de Esquerda – PDT, PCdoB e PSB. ''O sentido superior de nos reunirmos, na inspiração de Leonel Brizola, de João Amazonas, de Miguel Arraes é construirmos um projeto de desenvolvimento comprometido com os interesses e os direitos negados à grande maioria do povo brasileiro, que nós começamos já com o governo do presidente Lula''.


 


Semente do futuro


 


Para Aldo Rebelo, do PCdoB, a origem popular é uma das características comuns aos partidos da frente. ''Basta olhar na fisionomia dos nossos militantes e nossas militantes, se não fosse a camiseta ou a bandeira a identificar, poderiam ser militantes de qualquer um dos partidos'', disse.


 


O comunista destacou o passado de lutas de PDT, PCdoB e PSB, mas principalmente a alternativa que esses partidos buscam consolidar para conduzir o país às mudanças. ''Somos também a semente do futuro, que nós queremos ainda melhor, ainda mais democrático, ainda mais justo e com ainda mais direitos para os trabalhadores brasileiros''.


 


Aldo também lembrou os esforços do Bloco para, apoiando Lula, levar o governo à esquerda. ''Amigo não é só aquele que dá tapa nas costas nos momentos de vitória. É também aquele que tem a coragem e a franqueza de criticar o que não está bom'', apontou.


 


Unidade Popular


 


Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, ressaltou o Plataforma lançada pelo Bloco de Esquerda, demonstrando que não é uma inciativa restrita à eleição da Câmara como muitos apostaram, mas uma união programática de forças populares. Rabelo ainda frisou que o Bloco não está fechado e pode receber adesões de outros partidos que concordarem com a Programa.


 


O dirigente do PSB Roberto Amaral, criticou as tentativas de antecipar o debate eleitoral de 2010, já que isso contribuiria para a divisão das forças que apóiam o governo Lula.


 


''Discutir as eleições de 2010 agora é um desserviço à República'', alegou. O ministro Orlando Silva disse que, pelo histórico e pela trajetória ligadas às lutas populares, sente falta da presença do PT no Bloco de Esquerda e espera a adesão no futuro. Manuela D'Ávila aposta no entendimento entre os partidos do Bloco e o PT, avaliando como ''abertura ao diálogo'' o resultado do congresso petista.


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP