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Japão corre risco de entrar em fase de escassez de energia

O Japão pode enfrentar escassez de energia num momento em que ondas de calor elevam a demanda para níveis recordes. A maior usina nuclear do mundo, que fica no norte do país, continua fechada, após ter sido danificada por um terremoto no mês passado, e is

As temperaturas na capital japonesa, Tóquio, estão passando dos 37°C com freqüência nos últimos dias, o que faz com que os consumidores residenciais usem bem mais os seus aparelhos de ar condicionado.



A Tepco (Tokyo Electric Power), maior empresa distribuidora de energia elétrica do mundo, pediu a 23 consumidores industriais nos setores químico e de metais não-ferrosos que diminuíssem sua demanda energética.



Protocolo de Kyoto



É a primeira vez em 17 anos que a distribuidora japonesa faz um pedido como esse, que, embora incomum, é previsto pelos contratos de distribuição que mantém com 1,2 mil de seus maiores clientes.



O governo já vinha tentando diminuir o gasto de energia para alcançar suas metas no Protocolo de Kyoto, que prevê menos emissões de gases que provocam o aquecimento global. O problema é que o Japão já é uma das economias de consumo energético mais eficientes do mundo, o que dá pouca margem de manobra para maiores cortes no consumo elétrico industrial.



E, além disso, a recente recuperação no crescimento vem provocando aumento no consumo de eletricidade, pois a indústria de transformação voltou a investir em novas fábricas ou voltou a utilizar capacidade de produção que estava ociosa.



Tatsuya Mizuno, analista da Fitch Ratings, disse que algumas companhias podem reconsiderar os planos de investimento de capital se o fornecimento de energia não for garantido.



Outros analistas ponderam que o impacto imediato dessa possível situação de escassez pode ser pequeno, pois a maioria das fábrica já tem geradores de energia de emergência.



A Tepco já está comprando energia de outras geradoras, que não fazem parte de sua rede, depois de ser obrigada a fechar a central nuclear de Kashiwazaki-Kariwa – que normalmente responde por 13% de toda a capacidade da companhia.



A central, fechada desde o terremoto do mês passado, havia começado a apresentar vazamentos de material nuclear. Na semana passada, um grupo de técnicos disse ainda não ser possível garantir que a central operaria de modo seguro se voltasse a funcionar agora. Os técnicos não deram uma previsão de quanto tempo ainda seria necessário para que os reparos garantissem a segurança da usina.



As outras nove centrais nucleares do país já estão operando próximo do topo de capacidade. Na terça-feira passada, por exemplo, elas registraram o recorde de produção em seis anos. Para piorar a situação, a agência de meteorologia do Japão predisse que as temperaturas devem continuar atipicamente altas pelo menos até o fim do mês que vem. As ondas de calor que atingem o país já provocaram a morte de ao menos 20 pessoas, por causa de complicações respiratórias ou cardíacas. Nas semana passada, o país registrou seu recorde histórico de temperatura: 40,9°C.



Fonte: Valor Econômico