Messias Pontes: Repercute bem protesto da juventude piauiense

A prepotência da direita elitista, no Brasil, parece não ter limites. Além de prepotente, essa direita é também racista, arrogante, preconceituosa, golpista e irracional. Ela não se conforma em ter perdido, pela primeira vez na história brasileira, o coma

O último ato insano dessa gente foi a utilização e politização da tragédia com a avião da TAM, em 17 de julho último, quando morreram 199 pessoas no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Qualquer coisa é motivo para criar artificialmente uma crise, e, para tanto, conta com o irrestrito apoio da grande mídia conservadora, venal e golpista. O acidente com o avião da TAM no mês passado era tudo o que a direita queria para tentar mais uma vez um movimento de cunho golpista, como fez em 1964, que resultou no golpe militar, outra grande tragédia nacional.


 



Usando a comoção nacional resultante da tragédia do dia 17 de julho, a direita, tendo à frente o poodle das dondocas paulistanas, João Dória Júnior, o direitista presidente da seccional da OAB de São Paulo, Luiz D’Urso, e alguns notórios tucanos e demos, criou um movimento espelhado na Marcha com Deus pela Defesa da Propriedade, da Família e da Liberdade. Meia dúzia de milionários, dentre eles Paulo Zottolo, presidente da Phillips do Brasil, logo se dispuseram a financiar essa pantomima denominada “Cansei”.


 



Com a arrogância e prepotência que de sempre, essa elite, depois do rotundo fracasso das manifestações do mês passado, marcaram para a última sexta-feira 17, um culto ecumênico na Catedral da Sé sem consultar Dom Odílio Scherer, tendo o arcebispo desautorizado a utilização do templo católico. Mesmo com a presença de artistas alugados, o ato foi outro fracasso, e até mesmo os poucos familiares das vítimas do vôo da TAM que compareceram, se consideraram usados e lavraram seu protesto.


 



Na década de 1970, vários cultos ecumênicos foram realizados na Catedral da Sé, em São Paulo. Entre eles, um para o operário Santo Dias, morto pela polícia paulista durante um protesto; outro para o operário Manoel Fiel Filho, e também para o jornalista Vladimir Herzog, ambos assassinados sob tortura nos porões da ditadura militar. Onde estavam naquelas ocasiões os elitistas cansados? Certamente do outro lado, alguns deles inclusive financiando o famigerado CCC – comando de caça aos comunistas. Os Frias, do Grupo Folha de São Paulo, faziam questão de fornecer carros para transportar democratas para serem torturados na OBAN – Operação Bandeirantes – e no DOI-CODI de São Paulo.


 



O cúmulo da prepotência e do preconceito partiu do presidente da Phillips do Brasil, que declarou na semana passada, ao jornal Valor Econômico, que “Se o Piauí deixar de existir, ninguém vai ficar chateado”. Este crápula ainda enche o peito e diz que “não tenho culpa de ser rico”. Isto é uma demonstração de desprezo aos pobres e ao Nordeste. É uma atitude fascista que deve ser rechaçada. 


 



Mas como toda ação corresponde uma reação igual e de sentido contrário, os jovens piauienses, através da União da Juventude Socialista, reagiram de imediato, quebrando em praça pública, em Teresina, televisores e outros equipamentos da marca Phillips. O protesto da juventude ecoou no Palácio do Governo, tendo o governador Wellington Dias publicado uma nota de repúdio; o  senador Mão Santa, notório antilulista, protestou afirmado que Paulo Zottolo “é um tolo, um arrogante tolo só porque tem uns dólares da Phillips”; e até mesmo o direitista senador Heráclito Fortes, do DEMO, exigiu respeito aos Estados da Federação e se disse cansado da arrogância e prepotência.


 



Porém o golpe mais sentido pelo ricaço da multinacional holandesa foi o aplicado pelo quinto maior cliente da Phillips no Brasil, o Armazém Paraíba, do Grupo Claudino, uma das maiores redes de varejo do País, com lojas nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia. Segundo declarou o empresário João Marcelo Claudino, a decisão de retirar os produtos da Phillips das prateleiras de suas lojas é uma demonstração de que essa forma de deboche não é mais aceita. 


 



Que o exemplo seja seguido por outros empresários e democratas não só nordestinos, mas de todo o País. 


 


 


Messias Pontes é jornalista