Confira entrevista de Osmar Junior ao jornal O Dia

Apesar de ter ocupado vários cargos no Piauí (entre os quais o de vice-governador por duas vezes), o deputado federal Osmar Júnior (PCdoB) volta ao legislativo somente após 22 anos, depois da experiência de sete anos como vereador de Teresina. Em entrevis

Articulação da bancada do governador



“Hoje, no Brasil, o deputado tem outra função, que é de representante do estado no sentido de capitanear recursos, sobretudo de investimentos que o Governo Federal executa nas regiões e nos estados. Isso nós fazemos, no caso do Piauí, em consonância com o governador do estado, Wellington Dias. Ele tem uma boa articulação dentro da bancada, com a equipe do presidente e junto ao próprio presidente. Ele já definiu, pelo menos comigo, e eu acredito que com a maioria dos deputados, as prioridades do estado. Do ponto de vista nosso, aqueles recursos que nós podermos influenciar na sua alocação dentro do Orçamento da União, eles vão ser destinados, sobretudo, para estradas”.



Atuação na Câmara



“Nesse semestre, a Câmara trabalhou muito, mas basicamente aprovando as medidas provisórias encaminhadas pelo presidente da República. De projetos importantes, nós destacamos o Fundeb e a emenda constitucional que vai favorecer a distribuição de recursos para os municípios, aumento do FPM (Fundo de Participação do Município). Eu diria que o trabalho foi muito mais coisas que nós
encontramos lá. A expectativa nossa é poder interferir no processo legislativo. Eu já apresentei um projeto de emenda constitucional que trata da desoneração fiscal, que retira impostos diretos que incidem sobre os produtos que compõem a cesta básica. Esse projeto foi apresentado com
192 assinaturas de apoio, de deputados e deputadas da Casa,  e eu espero poder, até o final deste mandato, aprovar.
Eu estou com uma [emenda] preparada, que também diz respeito à solução de coisas muito concretas, que é o problema das motocicletas, que hoje quase todas estão irregulares do ponto de vista do registro junto ao órgão competente. Então, esse é um problema que eu estou pegando as
formas, os meios, para poder atacá-lo”.



O PAC no Congresso



“Na Câmara foram aprovadas todas as medidas que vieram na forma de medida provisória. Eu não tenho acompanhado de perto o andamento dentro do Senado. Daquelas que vieram na forma de projeto de lei, nós temos duas que a tramitação, pelo fato da natureza, ela é um pouco mais demorada. Mas acredito que neste ano sejam todas aprovadas. Na minha opinião, a dificuldade do PAC andar diz respeito a própria burocracia. Para mim, os méritos do PAC foram dois: primeiro, selecionar obras prioritárias. Isso foi feito. Aqui, no Piauí, por exemplo, nós já temos definidas quais obras são mais importantes para o estado, em nível de estradas, de energia, de abastecimento de água, de saneamento básico; segundo, já definiu os recursos. Obra do PAC já está com dinheiro assegurado. Pela forma que foi concebido o PAC, aquelas obras estão com os recursos garantidos até o seu término. Então, eu acho que esse foi o grande diferencial que nós temos com relação ao PAC”.



A crise no Senado



“Eu acho que o Brasil está vivendo uma época importante, no sentido de que suas instituições sejam mais transparentes  e as ações, as práticas, os atos daqueles que têm poder de mando dentro delas possa ser julgados pela opinião pública e também julgados pelo Poder Judiciário. O governo do presidente Lula tem sido marcado por essa busca da apuração mais profunda das denúncias, sobretudo, de corrupção,desvios de recursos. O Congresso, dentre os três poderes,é o mais transparente então é aquele que aparece mais. Eu acho que o Congresso,a crise que ele está passando,é resultado dessa mudança.Quem é que imaginava há 30anos que uma alta autoridade do país pudesse ser investigada?Então, essa é uma realidade que está mudando e é positivo.Embora, eu entenda que esse processo também não deixa de cometer injustiças, de pessoas que pagam o preço de estarem num lugar em determinado momento. No caso específico do presidente do Senado,eu acho que ele deixou a crise se arrastar bastante. Na medida em que essa crise se arrasta,compromete mais o Congresso, compromete mais o Senado e compromete mais ainda a ele próprio”.



O PCdoB e as eleições



''O PCdoB, recentemente, através de uma reunião do seu comitê estadual, já estabeleceu
as linhas mestras para atuação do partido no estado com vistas às eleições de 2008. Ele tem como centro da sua política, para o próximo ano, buscar lançar candidatos a prefeito. Por isso mesmo é que definiu como uma das prioridades apresentar candidato a prefeito de Teresina. Essa decisão está fundamentada, principalmente, no ambiente mais democrático que nós vivemos hoje no Brasil. Também nós achamos que Teresina está precisando de uma mexida. É uma cidade muito importante não para o Piauí, apenas, mas para essa região. É um grande centro político, econômico, prestador de serviços, e que, na nossa opinião, está precisando estabelecer novos parâmetros para a sua administração, e está precisando estabelecer também novos rumos''.



A entrevista, concedida a jornalista Andréa Rego foi publicada originalmente no jornal O Dia.