Encontro debate Dia Internacional da Mulher Negra

Várias ONGs debateram a situação da mulher negra no Ceará, no Dia Internacional da Mulher Negra

Mulheres de várias entidades da região do Cariri debateram, pela primeira vez, a situação da mulher negra, no Dia Internacional da Mulher Negra das Américas e do Caribe, comemorado na última quarta-feira, 25. O tema escolhido para o debate foi “Ser mulher negra no Cariri Cearense”. A abertura do evento, realizado na Universidade Regional do Cariri (Urca), em Crato, foi feita pela coordenadora regional da Organização Não-Governamental (ONG) Casa Lilás, Beatriz Luna. Durante o debate, depoimentos da situação de vida das mulheres negras foram citados, ligados a condições de preconceito e exclusão social.


 


Uma das principais dificuldades para debater o problema é a ausência de pesquisas e registros que mostrem mais claramente essa realidade. A professora Zuleide Queiroz, representante do Conselho da Mulher Cratense, destacou a questão da invisibilidade da mulher negra pela falta de dados nas repartições. Isso, segundo ela, acaba justificando a ausência de políticas públicas direcionadas. A abordagem da professora se conteve a dados nacionais, mas, mesmo assim, são escassos. “Há poucos registros sobre a mulher negra de uma forma geral”, diz. Se em termos de Brasil existe essa dificuldade, conforme Zuleide, no Ceará a ausência de dados é muito maior.


 


Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), citados pela professora, destacam que a maioria das mulheres no país são negras, chegando a 62%. A Capital cearense, de acordo com o IBGE, é a terceira em número de negros. “Somos maioria e não nos vemos”, frisa Zuleide.


 


Uma das grandes preocupações das instituições é a ausência de políticas públicas voltadas para as mulheres negras no Brasil. Beatriz Luna, da Casa Lilás, ressalta que um dos pontos principais é fazer o resgate da identidade da mulher negra. As condições precárias na área da saúde, os salários abaixo da média, a violência e a pobreza das mulheres negras no são fatores preocupantes, conforme colocações das participantes do encontro.


 


Se a discussão no movimento de mulheres é algo recente no Cariri, a sua presença histórica na região, conforme a professora Zuleide, é algo incontestável. A representante do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), Verônica Carvalho, cita comunidades quilombolas existentes no Cariri, a exemplo da Lagoa dos Crioulos, em Salitre, e os Arrudas, no Araripe. São famílias desassistidas pelo poder público, onde é visível a situação precária.


 


Dia Internacional da Mulher Negra das Américas e do Caribe


 


Em 25 de julho de 1992, durante o Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, em San Domingos (República Dominicana), definiu-se que este dia seria o marco internacional da luta e resistência da mulher negra.


 


Luta


 


Desde então, vários setores da sociedade têm atuado para consolidar e dar visibilidade à data, tendo em conta a condição de opressão de gênero, raça e etnia vivida pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas. As mulheres negras do Cariri cearense tomam este dia para discutirem a sua situação.


 


Mais informações:


 


Casa Lilás, em Crato
(88) 3521.3560 / 8877.9999



Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec)
(88) 3511.1558 / 8812.5003


 


 


Fonte: DN