Sem categoria

Congonhas: o aeroporto inviável

Leia parte da matéria publicada na CartaCapital desta semana que revela a realidade dos moradores da região do Aeroporto de Congonhas, a especulação imobiliária absurda que se desenvolve na região e como outros aeroportos em grandes capitais, com

O Acidente


 


“A rua parou. Todo mundo sai para ver. Da calçada a gente enxergava as labaredas alcançando o céu”, conta Enite. Ela e o marido, Antonio Alves Loyola, trabalham a seis anos no bairro de Moema. Tem um boteco na Alameda Carinás, distante seis quarteirões do local em que um avião da TAM chocou-se com um prédio da companhia e explodiu na terça-feira (17), no início da noite.


 


Como toda vizinhança do aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do país, Enite ficou muito assustada. A filha telefonou do Ceará, preocupada com a mãe. Enite tem que interromper a fala por dez segundos a cada três minutos por causa do ruído dos aviões, que passam rasantes sobre o boteco em direção a pista de pouso. “Já me acostumei com o barulho, estou até meio surda. Pior é para quem mora aqui”, diz a comerciante.


 


Inaugurado em 1.936, o Aeroporto de Congonhas foi idealizado como opção ao Campo de Marte, que ocupava uma área inundável na zona norte da capital. Nos últimos 30 anos, com o crescimento da mancha urbana e os aumento dos pousos e decolagens, Congonhas tornou-se um problema. É um aeroporto condenado. Único entre os encravados em grandes cidades brasileiras onde o fluxo não diminui ao longo do tempo.


 


Outras capitais


 


As outras capitais enfrentam problemas semelhantes, com aeroportos metropolitanos saturados e os internacionais, afastados da cidade, ociosos. Entre 2.003 e 2.007, o sistema Pampulha-Confins, e o sistema Santos-Dumont-Galeão, no Rio de Janeiro, foram readaptados para aliviar o fluxo aéreo sobre as cidades.


 


O aeroporto carioca projetado para receber 2 milhões de passageiros por ano, absorvia 5,5 milhões.  Pampulha, em Belo Horizonte, recebia quase o dobro do 1,6 milhão de passageiros para os quais foi projetado. Nos dois casos, os vôos de longa distância foram para aos aeroportos de grande porte, enquanto que os metropolitanos ficaram apenas com pontes aéreas e vôos regionais.


 


O Santos-Dumont, no Rio, foi reformado e a estrada que liga Confins a capital mineira foi ampliada. Em São Paulo, nada foi feito para minimizar o fluxo de Congonhas. A região é alvo de especulação imobiliária nos últimos 30 anos e cresce na mesma velocidade do sobe-desce dos aviões. Moema lidera o ranking dos lançamentos imobiliários da cidade, com 75 novos edifícios, entre 1.999 e 2.004. Hoje um duplex com 600 metros quadrados privativos é a anunciado a 1,8 milhão de reais. Jabaquara é o quinto bairro no mesmo ranking. A verticalização das proximidades do aeroporto não segue o bom senso. Para piorar, a prefeitura autorizou o funcionamento de um posto de gasolina a poucos metros da pista, por muito pouco não atingido pelo avião desgovernado. Nem Bin Laden seria tão engenhoso.


 


Ao redor do mundo do mundo existem exemplos de como aeroportos em cidades resolveram problemas comuns nesse tipo de arranjo. O Ronald Reagan National Aeroport, em Whashington DC (EUA), tem três pistas. Os pilotos reduzem a potência das turbinas para minimizar o barulho das 22h e 7h, e o aeroporto opera 24h por dia. Em 2006, realizou 276.419 operações e serviu 18,5 milhões de passageiros.


 


Leia matéria completa na CartaCapital desta semana. Subtítulos do Vermelho.