Para Lucia Stumpf assistência estudantil é desafio da UNE

A gaúcha Lucia Stumpf assumiu a presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE) tendo como desafio avançar nas políticas de assistência estudantil. Lúcia é portoalegrense e tem 25 anos. Já foi presidente de grêmios estudantis nas escolas João XXIII

O Plano Nacional de Assistência Estudantil defendido por Lúcia será a prioridade nas lutas da Une para o próximo período. Nessa tarefa, os estudantes também contam com o apoio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que deve colocar em prática o plano no próximo período.


 


No entanto, diz Lúcia, é necessário apoio do Ministério da Educação (MEC). “No sentido da gente garantir um Plano Nacional de Assistência Estudantil por parte do MEC, que viabilize um orçamento de, no mínimo, R$ 200 mi a mais para as universidades federais e que devem ser investidos exclusivamente para assistência, como a construção de novas casas estudantis, restaurantes universitários, construção de creches que auxiliem as mães estudantes”, diz.


 


Os dados mostram a importância da assistência estudantil. Cerca de 30% dos alunos das universidades federais saem de suas cidades para estudar. Desses, aproximadamente 12% são das classes C, D e E, não moram com os pais e nem têm condições de manter uma casa. No entanto, as moradias universitárias conseguem atender apenas 2,4% desses estudantes.


 


Além de estrutura física, Lúcia afirma que é necessário mais investimento em pesquisa e extensão. “E que o ensino fique vinculado à pesquisa e à extensão, porque a universidade brasileira deve estar a serviço de um projeto soberano para o país e isso só vai ser possível se a universidade estiver preparada para oferecer, além de um ensino de qualidade, propostas de pesquisa e extensão”, argumenta.


 


A formação em instituições públicas e privadas mostrou à Lúcia a importância do ensino público. A estudante aponta que o principal desafio das universidades públicas é aumentar o número de vagas, priorizando a entrada de jovens carentes e excluídos da sociedade.


 


“O principal desafio da universidade pública hoje é, sem dúvida, ampliar o número de vagas por ela oferecida. Hoje, a universidade pública brasileira ainda é muito pequena para o conjunto de jovens que desejam ingressar no ensino público brasileiro. Com isso, o vestibular acaba sendo um funil muito cruel, que tira de dentro da universidade os filhos dos trabalhadores, que não conseguem pagar cursinhos pré-vestibulares”.


 


Ao mesmo tempo em que o governo deve investir nas públicas, também precisa aumentar a fiscalização em relação às universidades privadas. A cada ano são abertas milhares de universidades particulares, ao passo que os recursos públicos são reduzidos nas estatais.


 


Lúcia propõe a regulamentação do setor privado. “E também a exigência da regulamentação do ensino privado no país. Um conjunto de leis, que acabe com as liberdades dos reitores das universidades privadas que hoje fazem o que bem entendem, desrespeitando os estudantes, com aumento abusivo das mensalidades, abuso com os estudantes inadimplentes e oferecendo, muitas vezes, um ensino de má qualidade”, afirma.


 


A UNE também deve fortalecer sua posição contra a política econômica adotada pelo governo Lula. No 50º Congresso da entidade, realizado no início do mês, os estudantes pediram a saída imediata de Henrique Meireles da presidência do Banco Central. De acordo com o vice-presidente, José Alencar, se os juros fossem reduzidos pela metade, o governo federal economizaria R$ 300 bilhões em pagamento da dívida pública.


 


A UNE também irá apoiar o plebiscito pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce, que está sendo organizado por movimentos sociais de todo o país. “A UNE vai construir esse plebiscito pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce e vamos continuar a exigir mudanças na política econômica do governo Lula, que é uma política econômica que não permite mais investimentos nas áreas sociais porque privilegia o pagamento de dívidas públicas e porque tem juros altos e tem um superávit primário que impede um maior investimento nas áreas sociais”, diz.


 


Outra questão que a UNE abordará na gestão de Lúcia será os direitos feministas, entre eles, a descriminalização do aborto. “E sendo mulher acho que esse desafio acaba sendo maior ainda, porque o machismo é grande na sociedade brasileira e isso é refletido no movimento estudantil. O fato de eu ser a 4ª mulher entre mais de 50 presidentes que passaram pela entidade demonstra que há reprodução do machismo na sociedade brasileira. A universidade, que deveria ser um espaço livre de preconceitos, de pensamentos desse tipo, ainda reproduz o sendo comum da sociedade”, argumenta.


 


Agência CHASQUE