Argentina: Crise de energia desacelera produção industrial

A falta de energia na Argentina começa a se refletir no ritmo de crescimento da indústria, setor que vem sendo mais afetado pelo racionamento não declarado de eletricidade, gás e diesel em vigor no país. A atividade industrial, medida oficialmente por um

Com esse resultado, o EMI acumula expansão nos primeiros cinco meses de 2007 de 6,6% comparado ao mesmo período de 2006, segundo informe oficial divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), responsável pelas contas nacionais.



O dado confirma a desaceleração da indústria, que já havia baixado de 6,9%, em março, para 6,8% em abril. Comparando com o ano passado, quando o EMI avançava entre 7,8% e 9,8% ao mês, a desaceleração é significativa. Em janeiro, a indústria cresceu 6,1% e, em fevereiro, 6,8%. Comparado a maio de 2006, a produção manufatureira subiu 6,3%.


 


A produção de automóveis, de cimento e outros materiais de construção foi o que fez o EMI aumentar. Já a de pneus, fibras sintéticas e artificiais e a produção láctea puxaram o indicador para baixo, segundo o Indec.



Consumo



O Instituto divulgou também que a indústria argentina estava ocupando em maio 72,2% da capacidade instalada, pouco menos que os 73,6% de abril. Em termos setoriais, o refino de petróleo desponta como setor que está em seu limite, utilizando 94,7% da capacidade instalada, seguido pela indústria metálica básica (87,8%) e a têxtil (77,8%). Os que estão com as menores taxas de utilização são o de veículos automotores (52,2%), produção de borracha e plástico (59,6%) e o metalmecânico (61,9%).



“Se não fosse pela indústria automotiva, que contribuiu com cerca de 40% para o crescimento da atividade industrial em maio, o EMI teria sido ainda menor”, comentou o economista Gabriel Sanchez, presidente da Fundação Mediterrânea, ligada ao Instituto de Estudos da Realidade Argentina e Latinoamericana (Ieral).



Num relatório divulgado dia 15, analisando os dados do Produto Interno Bruto (PIB) acumulado até março, Sanchez mostra que a forte expansão da economia argentina está apoiada muito mais no consumo que na produção e nos investimentos (veja quadro). No primeiro trimestre, o PIB da Argentina cresceu 8%.



Enquanto o consumo privado ampliou sua participação no PIB em 67,3%, os investimentos subiram só 0,4%, o que preocupa os analistas, já que deveria haver mais investimentos para suprir a expansão do consumo. Do contrário, o resultado é mais inflação. De janeiro a março, a demanda aumentou 9%, comparado com o mesmo período do ano passado, enquanto a oferta avançou 8%. “Por esta dinâmica, a demanda [a preços constantes] passou a representar 98,8% da oferta contra 93,3% em 2003”, afirma o relatório da Fundação.



Nesse ritmo, argumenta Sanchez, cada vez mais o superávit comercial depende da manutenção dos “excelentes preços internacionais” dos produtos exportados pela Argentina, já que a tendência é que as importações necessárias para compensar a demanda reduzam os ganhos obtidos com as exportações.



Fonte: Valor Econômico