Parada denuncia homofobia, machismo e racismo “cordiais”

“Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia” é o lema dos 3,5 milhões de manifestantes esperados na tarde deste domingo para a 11ª Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Transexuais), na Avenida Paulista.

Apesar da dimensão que a Parada de São Paulo ganhou – chegando a ser a maior do mundo -, há alguns anos a menor preocupação da organização tem sido com os números. A expectativa da organização é que, se o público do ano passado se repetir, já será uma grande vitória. Em 2006,  segundo os organizadores do evento, compareceram cerca de 2,8 milhões de pessoas.


 


O presidente da Associação da Parada GLBT, Nelson Matias Pereira, lembrou que nenhum outro movimento de sociedade civil no Brasil ou no mundo consegue levar às ruas uma quantidade tão expressiva de pessoas e com tanta diversidade, inclusive com a presença de famílias inteiras.


 


“Hoje, segundo pesquisas, até 40% dos participantes da Parada são heterossexuais. Além de fortalecer a questão da nossa sexualidade, e de dizer para a sociedade o que queremos, nós conseguimos agregar a diversidade”, analisa Pereira. “As pessoas que estão lá são de vanguarda e estão dizendo que não aceitam essa sociedade intolerante, com preconceito.”


 


Bandeiras


 


Além da associação da homofobia com o racismo e o machismo, a parada 2007 vai lembrar os temas de outros anos, como a falta de políticas públicas para homossexuais e a necessidade do Congresso Nacional criar leis específicas.


 


“Queremos chamar a sociedade para discutir a questão do machismo, do racismo e da homofobia, tratando de colocar que os GLBTs também são negros, mulheres e sofrem duplo preconceito”, diz Pereira. “Por mais que nós pensemos que as pessoas mudaram, ainda há racismo e machismo cordial no Brasil.”


 


Para avaliar o nível da discriminação contra os homossexuais, a Associação realizou ano passado uma pesquisa que deve ser repetida neste ano. A intenção é fazer um mapeamento da parada, para saber a origem das pessoas e o perfil político e socioeconômico.


 


De acordo com Pereira, no ano passado foram entrevistadas 2 mil pessoas e, desse total, 60% já haviam sofrido algum preconceito ou violência. “O mais estarrecedor é que pela primeira vez eles estavam contando isso a alguém”, disse.


 


Patrocínio


 


A Parada do Orgulho GLBT terá, pela primeira vez, patrocínio da Caixa Econômica Federal. Ao todo, a instituição destinou R$ 120 mil à organização da manifestação, segundo Géter De Souza, gerente nacional de integração e políticas de gestão de pessoas da Caixa.


 


Desde o ano passado, o banco federal reconhece a parceria familiar para pessoas do mesmo sexo em políticas trabalhistas internas. Atualmente, a Caixa conta com 160 casais homossexuais inscritos no programa.