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Comunistas lançam grupo de trabalho e preparam encontro GLBTT

Por André Cintra
O PCdoB vai ingressar, de forma organizada, no movimento GLBTT/pela livre orientação sexual. A Comissão Nacional de Movimentos Sociais, reunida neste sábado (9), em São Paulo (SP), formalizou a criação de um grupo de trabalho para trat

 



Dirigentes comunistas e militantes GLBTT após a reunião deste sábado


 


As deliberações ocorrem um dia antes de São Paulo abrigar sua 11ª Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Trangêneros) – o maior evento do gênero no mundo. A organização da parada espera 3,5 milhões de participantes na Avenida Paulista, a partir das 12 horas deste domingo, sob o lema ''Por um Mundo sem Racismo, Machismo e Homofobia''. O carro número 11, da CUT, contará com a presença de dirigentes como a presidente do PCdoB-SP, Nádia Campeão, e seu vice, Nivaldo Santana.


 


''Os comunistas sempre foram protagonistas nas grandes frentes de massa, mas estavam atrasados nessa área GLBTT'', diz Ricardo Abreu, o Alemão, secretário nacional de Movimentos Sociais do partido. ''Acredito que vamos superar isso rapidamente, em poucos anos. Nossos camaradas que militam nesse movimento são reconhecidos e nos dão boas perspectivas.''


 


Até hoje, a atuação do PCdoB entre GLBTT dependeu, quase que exclusivamente, de iniciativas individuais. Essas adesões vêm de décadas, mas raramente encontrou núcleos específicos, tal como uma frente que foi formada por comunistas de Nova Iguaçu (RJ) nos anos 80. O estatuto partidário, no entanto, destaca a necessidade de atuar em movimentos ''de liberdade de orientação sexual''.


 


Despolitização


 


A situação e os desafios do movimento foram debatidos na reunião deste sábado, que teve a participação de militantes GLBTT e dirigentes de cinco estados. A comissão concluiu que essa causa cresce e ganha visibilidade nacionalmente, mas sem eixo político nem organização unitária.


 


''O que nossos companheiros relataram é que o movimento é muito despolitizado e pulverizado. Isso dificulta o diálogo, a construção  de opiniões, a unidade de pauta e ações'', afirma Dilcéia Quintela, membro da Comissão Nacional dos Movimentos Sociais. Encarregada de coordenar o novo grupo de trabalho, Dilcéia reforçou que o PCdoB ainda precisa desenvolver uma política de princípios e atuação para o meio GLBTT.


 


É nesse sentido que ela chama atenção para as próximas ações. A agenda do grupo de trabalho inclui, em agosto, outra reunião da Comissão Nacional de Movimentos Sociais com os com representantes comunistas do movimento. O partido deve trabalhar para realizar um seminário GLBTT até o final de 2007 e um encontro nacional sobre o mesmo tema em até um ano.


 


Uma aliança de peso


 


Alemão acredita que o movimento GLBTT só pode crescer e se consolidar se houver articulação nacional. ''Ele não pode se bastar em ONGs'', resume, apostando na contribuição do partido. ''O movimento nos ajuda a desenvolver mais a consciência e a incrementar idéias – a atualizar as demandas do povo. Já o PCdoB pode encorajar o movimento a se organizar nacionalmente, construir uma plataforma conjunta e se inserir na luta política dos brasileiros.''


 


O secretário comunista ressalva que, apesar da reduzida capacidade de mobilização, há ONGs importantes para desenvolver a causa do movimento. ''A parada na Avenida Paulista é um tipo de atividade em que as ONGs jogam papel muito forte.'' Alemão também ressalta iniciativas que ganham volume com o passar do tempo, como o Grupo E-Jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados. O coletivo se projetou com um modesto site e já é um das entidades GLBTT mais organizadas de São Paulo.


 


Presente e influente em diversos movimentos (sindicatos, juventude, movimento comunitário, mulheres, negros, etc.), o PCdoB tenta não perder de vista forças sociais distantes do partido, porém crescentes. ''É muito significativa essa aproximação com o movimento GLBTT'', atesta Alemão. ''Agora, falta dialogar mais com outros grupos emergentes, como os ambientalistas.''