Messias Pontes: A necessidade urgente de fontes alternativas

Relatório da Organização das Nações Unidas, divulgado recentemente, chamou a atenção de todo o mundo para o perigo que corre o Planeta com o aquecimento global. Bilhões de toneladas de gás carbônico (CO2) são jogadas na atmosfera, diariamente, causando o

A saída, apontada por técnicos de mais de 130 países para reduzir seus efeitos, é a urgente utilização de fontes alternativas de energia, as chamadas energias limpas, produzidas através de hidrelétricas, usinas eólicas e de biomassas. O que mais se fala hoje é na necessidade da produção de etanol e biocombustível.


 


Mas se para a atmosfera as fontes alternativas de energia são importantes, para a democracia as fontes alternativas de informação são mais que importantes. São imprescindíveis.. Isto porque a matriz da comunicação, em quase todo o mundo, e principalmente na América Latina, e no Brasil em especial, está pondo em risco o maior bem da humanidade que é a democracia. Nenhuma democracia no mundo sobrevive com o oligopólio ou monopólio da comunicação. No Brasil, apenas oito famílias controlam mais de 90 por cento dos meios de comunicação.


 


Nas mãos do grande capital, a mídia conservadora e hegemônica já causou danos irreparáveis à democracia em nosso País. Se pegarmos as últimas cinco décadas, veremos que  os atentados à democracia foram monstruosos, verdadeiros atos de terrorismo. Em 1954, comandada pela canalha da UDN, a grande mídia levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio; um ano depois, tentou impedir a eleição e posse de Juscelino Kubitchek e a sua governabilidade.


 


 A infame campanha contra o democrata e nacionalista Marechal Henrique Teixeira Lott levou Jânio Quadros à Presidência da República; com a renúncia de Jânio nove meses depois da sua posse, essa mesma imprensa tentou impedir a posse do vice-presidente João Goulart, democraticamente eleito – naquela época o vice era votado -; em 1964, os generais golpistas contaram com o irrestrito apoio da mídia conservadora, derrubando Goulart da Presidência. Durante os 21 anos de ditadura militar, as demissões, as prisões ilegais, as mais cruéis torturas e  o assassinato de milhares de democratas e patriotas não eram noticiados, e, quando eram, a verdade era escamoteada. Os perseguidos eram apontados como terroristas.


 


A suja campanha e a manipulação de edições de programas televisivos nas eleições de 1989, derrotaram as forças democráticas e populares, tendo à frente Inácio Lula da Silva, levando Fernando Collor de Mello à Presidência, e o resultado é de todos conhecido. Em 1994, essa mesma imprensa venal apoiou o outro Fernando, o Coisa Ruim, e quatro anos depois fez uma campanha terrorista contra Lula. Nos oito anos de desvogerno do PSDB e PFL (DEMO) o Estado brasileiro foi dilapidado com a entrega das empresas estatais estratégicas ao grande capital, principalmente internacional, a corrupção foi institucionalizada, e o desemprego, a miséria  e a violência cresceram como nunca.


 


A desinformação e manipulação da mídia grande é tamanha que até sérios profissionais de imprensa, parlamentares e muitos democratas passaram a confundir liberdade de empresa com liberdade de imprensa. A máxima nazista de que uma mentira repetida mil vezes vira verdade, é utilizada por todos os grandes veículos de comunicação, notadamente pela Rede Globo, essa mesma que festejou a deposição do presidente Hugo Chávez, em 12 de abril de 2002, e lamentou a sua volta nos braços da esmagadora maioria dos venezuelanos, dois dias depois.


 


Agora a ira da mídia conservadora é redobrada com a não renovação da concessão da Radio Caracas Televisión (RCTV), emissora esta que tramou o golpe contra Chávez em 2002, e nos últimos cinco anos fez uma oposição irracional, financiada pelos dólares da  Central de Inteligência Americana (CIA), utilizando a mentira como arma. A coisa é tão acintosa que, na maior cara-de-pau, um dos chefes da CIA na América Latina, Bowen Rosten, participou, sorridente, de uma recente marcha em Caracas em favor da RCTV. Mas isto a mídia venal não divulga.


 


Quem quiser ficar bem informado tem de buscar fontes alternativas de informação, pois a mídia conservadora não informa que a decisão do presidente Chávez de não renovar a concessão da RCTV foi respaldada por preceitos constitucionais, e os procedimentos administrativos realizados, em momento algum feriram os princípios básicos do Estado Democrático de Direito, conforme mostrou o sociólogo e professor Gilson Caroni Filho, no artigo Por que a Globo é golpista, noticiado pelas Agência Carta Maior e Adital. Lembra ainda que na curta interinidade no governo, o mega-empresário Pedro Carmona dissolveu o Congresso, destituiu todos os integrantes da Suprema Corte e ganhou mecanismos para dissolver os poderes constituídos em todos os níveis. Nenhum professor de Direito Constitucional, por mais retrógrado que seja, ousou contestar a legalidade e a legitimidade do presidente da Venezuela no caso da RCTV.


 


Outra informação que só se encontra em fontes alternativas, é a de que entre 1934 e 1987 a FCC, órgão do governo norte-americano, fechou 141 concessionárias de rádio e televisão, sendo que em 40 desses casos, a FCC sequer esperou que acabasse o prazo da concessão. No Canadá, na Inglaterra, na Espanha, na Irlanda e em muitos outros países, concessões de rádio e televisão deixaram de ser renovados ou simplesmente foram cassadas. O portal www.vermelho.org.br traz esta informação mais detalhada.


 


Messias Pontes é jornalista