Macri e Filmus disputarão segundo turno em Buenos Aires

No fim da noite deste domingo (3), a apuração parcial de 66% das mesas na eleição para prefeito de Buenos Aires indicavam um segundo turno direita x esquerda. O empresário e presidente do time Boca Juniors Maurício Macri, da coalizão de direita PRO (Propo

Apesar da diferença, os dois comemoravam. No caso de Filmus, o resultado significou a vitória em uma difícil disputa pelo segundo lugar, com o atual prefeito Jorge Telerman, que chegou em terceiro, com 20,7% na parcial.



Telerman, um egresso da base de apoio a Kirchner, concorreu pela Coalizão Cívica, uma frente que foi do centro-direita ao centro-esquerda. Depois da eleição, e ainda sem aceitar o terceiro lugar, adiantava que a votação foi “um grande triunfo da fórmula Macri-Michetti” (Gabriela Michetti é a vice do empresário), em uma possível indicação de seu candidato no dia 24. Os outros 15 candidatos tiveram votações inferiores a 3%.



O eleitorado  mais imprevisível da Argentina



Apesar dos mais de 20 pontos de vantagem obtidos por Macri, a campanha do segundo turno será acompanhada com nervosismo – e não apenas porque o eleitorado de Buenos Aires é tido como o mais imprevisível da Argentina.



Macri aparece como a esperança das forças de oposição ao presidente Néstor Kirchner, um justicialista de esquerda. Estas durante anos apostaram suas fichas no ex-presidente Carlos Menem, que disputou com Kirchner em 2003. Derrotadas, viveram um processo de dispersão. Em 2005 driaram o PRO, uma frente dos chefes do Compromisso pela Mudança, de Macri, e do Recriar para o Crescimento, uma cisão do velho Partido Radical, encabeçada pelo ex-presidenciável Ricardo López Murphy.



Se ganhar, Macri pode disputar com Kirchner



Desde este domingo, os anti-Kirchner voltam a ter um nome bom de voto, e se tudo der certo um posto político de primeira grandeza no cenário argentino. Não é impossível que, caso se eleja prefeito, Macri se lance para disputar com Kirchner (ou com sua mulher, a senadora Cristina Fernández) a presidência da república nas eleições de outubro deste ano.



Maurício Macri, 48 anos, é o herdeiro do império industrial de Franco Macri – uma espécie de Maratazzo argentino, apoiador da ditadura militar. Tem uma carreira política tardia, e já foi derrotado uma vez na disputa pela prefeitura de Buenos Aires, em 2003. Em compensação, como elemento de prestígio e popularidade, preside há 12 anos o clube Boca Juniors, dono da maior torcida do país (embora neste domingo o Boca tenha transmitido um sinal azíago, ao perder do em casa do Colón, por 2 a 1, ficando praticamente de fora do campeonato argentino).



O candidato de Kirchner



O adversário de Macri no segundo turno, um ex-alfabetizador e ativista de direitos humanos de 51 anos,  desde 2003 é ministro da Educação. Não une a totalidade das forças à esquerda, que possuem na Argentina uma conhecida tendência centrífuga. Conta porém com o apoio de Kirchner, que chega aos últimos meses de mandato com índices de popularidade que são um recorde argentino e latino-americano.



Para Kirchner, o segundo turno em Buenos Aires passa a ser a escala principal no caminho que leva à permanência na residência presidencial de los Olivos (quer como presidente reeleito, quer como cônjuge de Cristina). Todos os analistas apostam que ele se empenhará ainda mais, nas próximas três semanas, na campanha de seu candidato em Buenos Aires.



Filmus conta também com o apoio do último prefeito eleito da cidade, Aníbal Ibarra, um progressista destituído do cargo no ano passado, no rastro do trágico incêndio em uma danceteria. E seu vice é Carlos Heller, chamado “o banqueiro comunista”,  por presidir o Banco Credicoop, uma entidade cooperativa.



São apenas três semanas de campanha, e 21 pontos de vantagem para o candidato da direita. Mas em 21 de fevereiro passado uma pesquisa do instituto Poliarquía Consultores  atribuia a Macri 25,7%, seguido por Jorge Telerman, com 19,5% e com Daniel Filmus em terceiro lugar, com 11,6%. O ministro da Educação provou nesta campanha que sabe administar apertos e é um candidato de chegada.



Da redação, com agências