Jornada por Mais Direitos mobiliza milhares e sacode o país

Por Carla Santos, com informações de agências
Os movimentos popular, sindical e estudantil realizaram nesta quarta – feira (23) a Jornada Nacional de Lutas por Mais Direitos. Em pelo menos 16 estados realizaram-se manifestações. Em inúmeros locais ocor

As manifestações convocadas pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS – que reúne UNE, CUT, MST, Conam, entre outras entidades), pela Conlutas (ligada ao PSTU), pela Intersindical (ligada ao P-SOL) e pela Assembléia Popular, tiveram presença majoritária da CUT, do MST e da Conlutas. Em algumas capitais, como em Salvador, a Corrente Sindical Classista (CSC) destacou-se no processo de mobilização. Em Brasília, a Contag mobilizou milhares. Os estudantes, universitários e secundaristas, marcaram grande presença nas manifestações de Florianópolis e São Paulo.


 


Em Porto Alegre, Maceió e Florianópolis ocorreram manifestações simultâneas. Na capital gaúcha e em Maceió uma manifestação foi organizada pela Conlutas e outra organizada pela CUT. Apesar das diferenças na condução das manifestações todos os protestos defendiam o fim da Emenda 3 e mais direitos. No Pará, em Pernambuco e em São Paulo ocorreram confrontos com a polícia. A região norte foi a única a contar apenas com uma manifestação no interior do estado. Todas as demais regiões mobilizaram as capitais, e em alguns estados também o interior .  


 


Confira abaixo estado por estado balanço as ações do dia 23. 


 


São Paulo  (SP)


 


As 7h30 bancários realizaram manifestações diante de agências bancárias da região da Paulista. As 10 h cerca de 5 mil trabalhadores, de diversas categorias, participaram de ato diante da Fiesp. Às 11h a assembléia da Apeoesp reuniu aproximadamente 4 mil trabalhadores. Às 14h, durante ato unificado dos servidores públicos estaduais, aproximadamente 5 mil trabalhadores e estudantes participaram da manifestação, que teve início no vão livre do Masp e depois seguiu em passeata até a Assembléia Legislativa. No final da manifestação dos professores e estudantes ouve confronto com a Polícia Militar em frente a  Assembléia Legislativa.


 


Em Campinas, os trabalhadores do campo e da cidade interromperam as rodovias Campinas-Monte Mor e Campinas-Paulínia pela manhã. Logo depois, um trecho da rodovia Anhanguera, no km 330, foi fechado. As fábricas da Honda, Replan e Toyota estão paralisadas e integraram os protestos. No centro da cidade, os estudantes realizaram passeata.


 


No Vale do Paraíba, GM, Phillips e Embraer pararam pela manhã. Todos os setores da Petrobrás permanecem paralisados. Os trabalhadores interromperam um lado da via Dutra, na altura do km 137.


 


Em Santos, as mobilizações contam com o MST, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Sindicato dos Petroleiros e Sindicato dos Bancários. Pela manhã, o entroncamento das rodovias Anchieta e Imigrantes foi fechado, bloqueando o acesso ao pólo industrial e ao porto. O protesto na Baixada Santista provocou 14 km de lentidão.


 


O acesso ao pólo petroquímico, na rodovia Piaçaguera-Guarujá, também foi trancado. Por volta das 9h30, os trabalhadores que estavam na Anchieta saíram da rodovia depois que a Polícia Militar se recusou a negociar a permanência dos manifestantes no local, ameaçando o grupo com bombas de gás.


 


Em Mauá, na grande SP, houve panfletagem em fábricas pela manhã. 


 


Em São Bernardo do Campo e em Sertãozinho, aconteceu ato público em frente a agência do INSS. Em Ribeirão Preto, a Universidade de São Paulo está parada. Em Franca, houve manifestação de trabalhadores.


 


Em São Paulo, além da Reforma Agrária e da Emenda 3, a bandeira pelo fim dos decretos do governador Serra ganhou ênfase.


 


Rio de Janeiro (RJ)


 


Quase 10 mil trabalhadores fizeram passeata pelas ruas do centro da capital, com atos públicos diante dos prédios da CEF, Biblioteca Nacional, BC, Justiça Federal e Ministério da Fazenda. Participaram diversas categorias, incluindo os servidores federais e municipais em greve. Metalúrgicos e bancários realizaram paralisações de até duas horas em fábricas e agências.


 


Trabalhadores rurais do MST fecharam três rodovias federais no interior do Rio de Janeiro. Os trancamentos aconteceram a partir de 9h30 em Barra do Piraí, Cardoso Moreira (região sul) e Campos dos Goytacazes, norte fluminense.


 


No Sul, o bloqueio aconteceu na BR 393, na altura de Dorândia, em Barra do Piraí. Cerca de 100 trabalhadores rurais fecharam o tráfego da via e distribuíram panfletos para dialogar com os motoristas e passageiros. A ação também quer evitar a privatização da rodovia.


 


No Norte, duas barreiras impediram o tráfego na BR 101, na altura de Cardoso Moreira, e na BR 356, na altura de Morro do Coco.


 


Belo Horizonte (MG)


 


As mobilizações em BH tiveram início às 4h, com paralisações de uma a 4 horas de duração em diversos ramos de atividade. A greve dos metroviários atingiu cerca de 143 mil usuários. Todo o pessoal operacional das unidades da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) pararam por uma hora e meia. A manifestação com concentração as 14h na Praça Sete contou com a presença de mais de 5 mil trabalhadores. A Polícia Militar impediu que os manifestantes chegassem à porta do Palácio do governo do Estado.


 


Brasília (DF)


 


Mais de 10 mil trabalhadores rurais ligados à Contag, à Fetraf-Sul, ao MST, servidores federais, estudantes e outros movimentos sociais participaram de passeata que começou às 9h diante da Catedral e terminou em ato público e político diante do Congresso Nacional.


 


Salvador (BA)


 


Mais de 5 mil trabalhadores participaram de ato público no centro de Salvador. O ato foi organizado pela CUT e pela CMS. A Corrente Sindical Classista (CSC) teve grande presença no ato.


 


Recife (PE)


 


Terminou às 18h o ato público na Praça do Diário, em Recife. Antes, os trabalhadores realizaram passeata e panfletagem desde a Praça Oswaldo Cruz, a partir das 15h. Foram estimados em mais de 5 mil os manifestantes. Participaram da mobilização a CUT, a CGT, a CGTB, a Nova Central, o MST, CPT, estudantes e demais movimentos sociais. Durante as manifestações, houve tumulto, congestionamentos e até tiro. O disparo foi efetuado por um major do Exército por volta das 15h, durante a passeata, na Rua Gervásio Pires, Boa Vista. Ele foi impedido de prosseguir pela avenida devido à manifestação e atirou para cima. Apesar do incidente, ninguém ficou ferido. O major foi preso e liberado em seguida.


 


Mais de 2.000 trabalhadores rurais do MST fizeram protesto em 12 rodovias federais em Pernambuco. As rodovias bloqueadas foram as BR 408 (município de São Lourenço da Mata), BR 316 (município de Petrolândia), BR 110 (município de Ibimirim), BR 232 (município de Gravatá), BR 101 Sul (município de Escada), BR 232 (município de Pesqueira) e BR 104 (município de Caruaru), BR 101, BR 232, BR 428, BR 423. No período da tarde, o MST se uniu ao ato em Recife.


 


Aracajú (SE)


 


Em Aracaju, os movimentos sociais, as entidades sindicais, ligados a Conlutas, a CUT e estudantes realizaram um ato com mais de 1000 pessoas. O MST bloqueou três estradas em Sergipe. Cerca de 5.000 camponeses foram mobilizados para fechar as três rodovias nesta manhã. Mais de 1500 trabalhadores rurais fecharam a BR-101 (a 85 km da capital). Na região metropolitana de Aracaju 500 Sem Terra bloquearam uma estrada estadual. Na região do Alto Sertão sergipano 2500 camponeses trancaram via estadual.


 


João Pessoa (PB)


 


Entre 16h30 e 18h30, a CUT-PB organizou, em conjunto com entidades do movimento social, ato público e panfletagem no Parque Solon e Lucena, na capital. Estima-se a participação de mais de 4 mil trabalhadores na manifestação. Ocorreu também a interdição de cinco diferentes trechos de rodovias federais e estaduais. A mais longa foi a da BR 230, que liga João Pessoa ao sertão paraibano: início às 8h e término às 15h. Houve paralisações em diversas categorias: ferroviários (das 5h às 11h), Banco do Brasil (das 8h às 14h), servidores da universidade federal (das 8h às 11h) e hoteleiros (das 10h ao meio-dia).


 


Natal (RN)


 


Em Natal os movimentos passaram o dia em protesto. O Sindicato dos Trabalhadores Federais em Previdência, Saúde e Trabalho (Sindprevs) promoveram um ato público em frente à Assembléia Legislativa, no fim da manhã. A manifestação teve a participação de servidores de diversos órgãos, como INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), TRT (Tirbunal Regional do Trabalho), UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Ibama (Instituto Brasileiro de Meio-ambiente), Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), Sindsaúde (Sindicato dos Servidores da Saúde) e Funasa (Fundação Nacional de Saúde). O Dia de Luta teve início com uma manifestação no município de Extremoz. Ainda pela manhã, a CUT participou da manifestação promovida pelo Sindprevs e, durante a tarde, uniu-se ao Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), em ato realizado também em frente à Assembléia Legislativa. Os professores das redes estadual e municipal de ensino cruzaram os braços durante toda a quarta-feira. 


 


Maceió (AL)


 


Centenas de professores, servidores e estudantes da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), ligados ao Conlutas, bloquearam durante toda a manhã os dois sentidos da BR-104, em frente ao campus universitário, em Maceió. O protesto provocou congestionamento nos dois sentidos da rodovia. No início da tarde a BR foi liberada. No Centro, outro grupo de manifestantes, organizados pela Central Única dos Trabalhadores em Alagoas (CUT), ocupou pela manhã o Posto Central do INSS em Maceió, localizado na Rua da Praia.


 


No interior do Estado,trabalhadores rurais sem-terra, ligados ao Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento dos Sem-Terra (MST), bloqueiam cinco trechos de rodovias. Os bloqueios duraram até o início da tarde e atingem os municípios de Maragogi, Arapiraca, Messias , Joaquim Gomes e Murici.


 


Porto Alegre (RS)


 


Aproximadamente 4 mil trabalhadores participaram das manifestações em Porto Alegre. O início da mobilização ocorreu por volta de 10h em frente ao Hotel Plaza São Rafael, de onde os trabalhadores partiram rumo a Federasul, Secretaria da Fazenda do Estado, UERGS e Prefeitura Municipal de Porto Alegre. A CUT-RS calcula que outros mil participaram de atos em outras cidades do estado, como Pelotas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Erechim, Santa Rosa e Palmeiras das Missões. Além da Emenda 3, as manifestações também pautaram os problemas que os trabalhadores tem enfrentado com o governo de Yeda (PSDB). 


 


O movimento na capital foi reforçado pela greve dos servidores municipais e de segmentos dos servidores federais, pelos trabalhadores em educação no estado e estudantes. As marchas da CUT e Conlutas tiveram itinerários distintos, mas se encontraram em ato único no Largo Glenio Peres, centro da cidade.


 


Curitiba (PR)


 


Aproximadamente dois mil trabalhadores organizaram ato público no centro de Curitiba. Manifestações ocorreram também nas cidades de Umuarama, Maringá, Londrina e Toledo.


 


Florianópolis (SC)


 


A manifestação iniciou em diferentes pontos do centro da cidade. Mais de mil trabalhadores em educação, organizados pelo seu sindicato, o Sinte, concentraram-se na Praça da Bandeira, os sindicatos dos servidores públicos federais concentraram-se na Praça Pereira Oliveira, os trabalhadores do serviço público municipal realizaram assembléia geral da categoria no Largo da Alfândega, o Fórum em Defesa de Florianópolis, que agrega entre outros o Movimento Pelo Passe Livre (MPL), concentrou-se em frente ao Terminal de Integração do centro (TICEN) e outras entidades partiram de diferentes bairros para participar da atividade.  A manifestação percorreu as principais avenidas de Florianópolis e deslocou-se para as pontes de acesso à Ilha.


 


A Polícia Militar e a Polícia de Choque tentaram impedir os manifestantes de realizarem a passeata. Após momentos de tensão e impasse os manifestantes ocuparam as pontes percorrendo o caminho de ida e volta da Ilha ao Continente. O trânsito interrompido causou uma paralisação de duas horas na cidade.


 


Além da Emenda 3, os manifestantes pautaram o “Fora Dário”. Dário Berger (PSDB) é líder do governo na Câmara de Vereadores e está envolvido no escândalo de compras de licenças ambientais revelados pela PF na Operação ''Moeda Verde'', que levou à prisão três secretários municipais.


 


Cuiabá (MT)


 


A Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso (CUT/MT) realizou protesto no centro da cidade. Além da Emenda 3 a CUT pautou repudiu as sugestões apontadas pelo Projeto de Lei Complementar (PLP) n°01/2007, que sugere a fixação de uma nova limitação das despesas com pessoal para as três esferas de poder no período de 10 anos. Em Cuiabá ocorreu panfletagem na Praça Ipiranga e passeata pelas avenidas centrais pela manhã.


 


Campo Grande (MS)


 


Pelo menos 200 funcionários públicos federais de diversos órgãos foram as ruas contra a Emenda 3 e o PLP 01 que congela os salários por 10 anos. O protesto ocorreu em frente à Delegacia Regional do Trabalho em Campo Grande, localizado no cruzamento da rua 13 de Maio com a avenida Mato Grosso. Mesmo com a chuva, os manifestantes com faixas e cartazes nas mãos pediram melhorias nas condições de trabalho e respeito com o funcionalismo federal. Manifestantes de Dourados e Três Lagoas participaram da manifestação que tem apoio de vários sindicatos e entidades sociais.


 


Belém (PA)


 


Cerca de 600 pessoas, mobilizadas pela Via Campesina e o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), ocuparam a Usina Hidrelétrica de Tucuruí na madrugada desta quarta-feira, 23.  Durante a ocupação um manifestante foi ayingido por uma bala de borracha no pescoço. O governo federal autorizou o envio de tropas – que já iniciaram o deslocamento para a área – para reprimir o movimento na busca de garantir que não haja interrupção no fornecimento de energia à região Norte. A Eletronorte informou, no final desta quarta, que a situação da usina está sob controle do ponto de vista energético. A ocupação faz parte da Jornada Nacional por Nenhum Direito a Menos. Os ocupantes também reivindicam pagamento de indenização às famílias desalojadas para construção da hidrelétrica há 23 anos, mas também querem melhorias na educação, saúde, pavimentação de estradas e até a redução da tarifa de energia elétrica cobrada no Pará por uma empresa particular, a Rede Celpa.