Messias Pontes: O que é isso, companheiro Lula?

Uma infeliz declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última quinta-feira 17, deixou os trabalhadores brasileiros em polvorosa. Isto porque lembrou a declaração do Coisa Ruim, seu antecessor, no dia da posse em 1º de janeiro de 1995: “Estamos

Realmente o presidente Lula estava irreconhecível naquele dia, ao abrir a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Parecia ter incorporado o espírito maligno tucano ao afirmar que a tecnologia está ocupando um espaço extraordinário e o mundo mudou desde o decreto 5.452, assinado pelo presidente Getúlio Vargas em 1943 criando a Consolidação das Leis do Trabalho.


 


Para o sucesso do seu segundo governo, o presidente Lula tem necessariamente de tomar duas decisões importantíssimas: destucanizar o seu governo, especialmente o Banco Central, e deixar de ser pautado pela mídia conservadora e hegemônica. É inconcebível um presidente que foi eleito pela esmagadora maioria dos trabalhadores afirmar que é preciso flexibilizar a CLT para garantir contratos especiais a um exército de jovens entre 15 e 24 anos. Juntamente com privatizar, a palavra flexibilizar foi a mais repetida pelos neoliberais tucanos-pefelistas (demoníacos). Recentemente o Presidente fez coro com a banda tucana-pefelista ao defender a restrição ao direito de greve dos trabalhadores do setor público.


 


Incompreensível também é a defesa do Presidente da criação de uma “carteira diferente” para novos empregados para garantir emprego para milhões de jovens que querem trabalhar. Ainda com o espírito tucano incorporado, o presidente Lula afirmou que não se pode esperar a economia crescer para resolver a situação dos trabalhos informais. Cuidado, Presidente, muito cuidado com esses espíritos obsessores, pois eles, com o apoio da mídia conservadora, querem lhe destruir, destruir seu Governo e, conseqüentemente, o próprio País e o seu povo trabalhador.


 


Não precisa ser nenhum PhD. em economia para concluir que é essa conservadora política  econômica a responsável pelo desemprego e a informalidade. Se alguma coisa tem de ser flexibilizada para gerar emprego e reduzir a informalidade a níveis aceitáveis, são as metas de inflação. Para a economia crescer, e conseqüentemente gerar os empregos necessários à crescente demanda, faz-se necessária e urgente uma mudança nas políticas monetária e cambial adotadas pela ortodoxia emplumada do Banco Central, pois elas só servem ao capital especulativo, prejudicando as exportações brasileiras e afetando toda a cadeia produtiva nacional.


 


Não se pode negar que a supervalorização do real e a exorbitante taxa de juros, a maior do mundo, seguram a inflação. Os produtos importados diminuem de preço e a ridícula classe média aproveita a passagem aérea barata para mandar seus filhos para a Disneylândia. Mas é imperioso afirmar também que a valorização persistente e crescente do real, como enfatizou o economista Paulo Nogueira Batista Jr., não serve aos interesses nacionais, pois provoca uma erosão gradual das contas externas, prejudica o nível de atividade, notadamente no setor industrial, deprime a competitividade das exportações motivando a substituição da produção nacional por importações e estimula a migração de investimentos de empresas brasileiras para o exterior.


 


Se alguma flexibilização tiver de ser feita, que seja para acrescentar direitos e nunca para subtraí-los!