Suspeita: Lozada planejava fugir da Bolívia com passaporte falso

A revelação do conteúdo de cinco caixas e 16 pastas apreendidas na residência de Gonzalo Sánchez de Lozada, nesta terça-feira (16), complicou a vida do ex-presidente, que vive foragido nos Estados Unidos desde o levante popular que o depôs, em 2003. O mat

Sánchez de Lozada está sendo processado na Bolívia por crimes de genocídio e corrupção. Conforme o investigador Minton Mendoza, os documentos servirão de prova em juizo sobre a responsabilidade do ex-presidente no assassinato de pelo menos 60 pessoas, pela polícia e o exército, nas ações de repressão de setembro-outubro de 2003 – uma derradeira tentativa de esmagar os movimentos de oposição popular.



“As novas evidências mostram o intento de fuga e o propósito de mudar de identidade”, comentou Mendoza. “Vistos, certidões de nascimento, de casamento, e três documentos de identidade: isso quer dizer que alguém tem a condição de trocar de identidade”, comentou.



A mesma operação apreendeu um texto intitulado “Lealdade com a Bolívia”, onde Sánchez de Lozada instrui a criação de uma certa Força-Tarefa Conjunta e uma intervenção militar no departamento de La Paz, assim como o uso de armas contra manifestantes civis.



Deputados julgarão a denúncia



A audiência pública sobre o Caso Sánchez de Lozada realizou-se apesar de uma decisão do Tribunal Constitucional, suspendendo de suas funções quatro ministros interinos da corte suprema boliviana, designados pelo Executivo. A decisão foi questionada pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, com o argumento de que vulnerabiliza o ordenamento jurídico vigente, prejudica a luta contra a corrupção e dificulta a responsabilização penal do ex-presidente foragido.



Evo Morales entregou a denúncia de Sánchez de Lozada ao presidente do Congresso, Alvaro García. Cabe a García instruir a Câmara dos Deputados para que realize o processo pertinente, cujos resultados devem ser analizados pelo Senado – por se tratar do julgamento de um ex-chefe de Estado.



Sánchez de Lozada é acusado de genocídio por ter permitido que as Forças Armadas, sob seu comando supremo, atirassem contra manifestações populares contra um plano governamental de exportação do gás boliviano através de portos chilenos. A mesma acusação pesa sobre o ex-ministro da Defesa, Carlos Sánchez Berzaín. Outras 13 autoridades do governo deposto são acusados de cumplicidade.



Da redação, com agências