Milhares de imigrantes sem documentos protestam em Londres

Milhares de imigrantes sem documentos, apoiados por líderes políticos, religiosos e sindicais, se manifestaram pelas ruas de Londres nesta segunda-feira (7) pedindo regularização da condição e que sejam tratados de maneira justa por parte do governo br

Foi realizada uma missa na manhã desta segunda, na Catedral de Westminster, pelo arcebispo britânico Murphy O'Connor, que antecedeu o início da marcha dos trabalhadores sem documentos até a praça de Trafalgar, onde discursaram parlamentares e líderes do movimento social.



O arcebispo declarou à emissora britânica BBC de rádio e televisão que seja dado um tratamento ''de respeito e decoroso aos mais de 870 mil imigrantes sem documentos que ajudam a economia deste país''.



''Esses trabalhadores migrantes são altamente benéficos ao Estado e altamente benéficos à economia'', disse Austen Ivereigh, disse um dos líderes da campanha Strangers into Citizens (Estrangeiros em Cidadãos), que se propõe a lutar por auxílio legal aos trabalhadores sem documentos.



''A maioria deles não pode ser retirada por motivos práticos, mas, ao mesmo tempo, o governo não quer dar a eles o direito legal para ficar'', observou Ivereigh.



O Ministério do Interior expulsa 25 mil trabalhadores sem documentos por ano, embora diga que não tem recursos para expulsar todos os trabalhadores estrangeiros país.



Os líderes da campanha, apoiada por líderes católicos, protestantes e muçulmanos, pelo prefeito de Londres e por vários líderes políticos, defendem a proposta de que os trabalhadores estrangeiros sem documentos que estão no Reino Unido há quatro anos ou mais tenham direito a um visto de trabalho de dois anos.



A contribuição à economia britânica por parte dos trabalhadores sem documentos é estimada em mais de 30 bilhões de libras esterlinas anuais, o que explica em parte também a alegação do governo do país de que não teria recursos para expulsar os sem documentos. Isso poderia gerar um colapso em alguns setores da economia britânica, como o de serviços, segundo líderes da campanha.



De acordo com informações divulgadas pelos integrantes da campanha, o Reino Unido deixa de receber 3,3 bilhões de libras esterlinas por ano (cerca de R$ 13,2 bilhões) em impostos e contribuições previdenciárias que seriam pagos ao governo. O valor seria suficiente para construir 132 escolas e 13 hospitais.



Uma das reivindicações do movimento é a de que imigrantes sem documentos que trabalhem no país há pelo menos quatro anos e não tenham passagem pela polícia tenham autorização formal do governo a permanecer por outros dois e que possam, em seguida, se candidatar a uma oportunidade para viver indefinidamente no país.


 


A medida seria uma concessão àqueles que entraram no país como turistas, estudantes ou asilados, e permaneceram após o prazo de vencimento do visto.


 


''Eu pago meus impostos, eu tento gastar, e gasto meu dinheiro neste país, contribuo com a economia deste país'', disse à BBC um brasileiro presente na manifestação. Ele vive no Reino Unido há sete anos, e recebe um salário mensal de cerca de 2 mil libras (cerca de R$ 8 mil), suficiente para levar um padrão de vida de classe média na capital.


 


''Quando vim para cá, conhecia a lei e sabia que não poderia viver aqui. Mas eu tinha 20 anos, agora tenho 27 e minhas idéias mudaram.''


 


Enquanto isso, a multicolorida manifestação passava por Whitehall ao som de tambores, apitos e sons latinoamericanos, que não paravam de tocar mesmo quando começou a chover.


Muitos manifestantes carregavam cartazes nos quais foram escritas palavras de ordem: ''Pela abolição de todos os controles racistas de imigração'', enquantro outros escreveram ''Ninguém é ilegal, regularização para todos''.


 


Em uma pesquisa publicada na última quarta-feira (3), pela Citizen Organising Foundation (COF), revela que dois terços dos britânicos concordam com a reivindicação dos trabalhadores sem documentos.



A pesquisa ouviu 1.004 pessoas no Reino Unido e revelou que 21% delas acreditam que o governo trabalhista esteja fazendo um bom governo em relação à imigração.


 


Com informações da Prensa Latina, The Guardian e BBC