Lula irá tratar de políticas sociais na conversa com o papa

As políticas sociais desenvolvidas no Brasil são o principal tema que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá tratar com o papa Bento 16 na próxima quinta-feira (10), em durante encontro agendado para o Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista. De

“Discutir com o papa as políticas sociais que estamos fazendo no Brasil para que ele, como a pessoa mais importante da Igreja Católica, possa ajudar a disseminar essas boas políticas públicas para o mundo, onde a Igreja Católica tem um papel importante”, disse Lula no programa de rádio Café Com o Presidente desta segunda-feira (7).



Segundo ele, várias políticas públicas adotadas em seu governo resultam do tempo em que militou, como sindicalista, em ações ligadas à Igreja. Lula afirmou que vai convidar o papa para engajar-se na luta contra a pobreza e exclusão. Para o presidente, o ex-arcebispo de São Paulo e atual prefeito da Congregação do Clero, alto cargo da Santa Sé, cardeal dom Cláudio Hummes, será importante parceiro na missão de ajudar os mais pobres.



O papa Bento 16 chega ao Brasil na próxima quarta-feira (9). Durante a visita ao país, ele vai anunciar a canonização de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Bento 16 presidirá ainda a abertura da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida, no interior de São Paulo.



Confira abaixo a íntegra da edição desta segunda-feira (7) do Café Com o Presidente:



Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou Luiz Fara Monteiro e começa agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Tudo bem, presidente?
Tudo bem, Luiz.



O líder da Igreja Católica, o papa Bento 16, chega ao Brasil nesta quarta-feira [9], presidente. Já no dia seguinte, o senhor terá um encontro com ele em São Paulo. Que assuntos o senhor pretende tratar com o papa?
Eu encontro o papa no aeroporto e no dia seguinte terei um encontro com ele. Luiz, é importante ver o seguinte: o Brasil é o maior país católico do mundo. O fato de Sua Santidade o papa Bento 16 vir ao Brasil, primeiro é um momento de discutirmos a ação social da Igreja Católica, ou seja, a igreja no Brasil tem um compromisso histórico em defesa do povo pobre, do povo oprimido. Eu, durante grande parte da minha vida, militei direta e indiretamente com os movimentos de igreja para que pudéssemos construir um Brasil mais justo. Depois que assumi a Presidência da República, nós temos feito várias políticas públicas que são resultado do aprendizado que eu tive quando militava nos movimentos sociais ligados à Igreja Católica. Nós temos uma relação muito boa, respeitando a autonomia da Igreja e a Igreja respeitando a autonomia do Estado. Temos uma relação de solidariedade, um compromisso com o povo brasileiro. A vinda dele para participar da Conferência Geral do Episcopado da América Latina e Caribe, em Aparecida do Norte [SP], é um fato extremamente importante, porque a Igreja Católica tem um papel extraordinário na América Latina. Ela tem um papel, não apenas de evangelizar as pessoas, mas um papel muito forte no sentido de elevar o nível de consciência das pessoas. Eu penso que um dos assuntos que eu tenho interesse de discutir com o papa é o papel da Igreja nas políticas públicas que a Igreja já tem, ou seja, a Igreja participa de quase todas as políticas públicas para o povo mais pobre, para o oprimido. Mas, sobretudo, discutir com o papa as políticas sociais que estamos fazendo no Brasil para que ele, como a pessoa mais importante da Igreja Católica, possa ajudar a disseminar essas boas políticas públicas para o mundo, onde a Igreja Católica tem um papel importante.



Você está ouvindo o Café com o Presidente. Esta semana falamos sobre a visita do papa Bento 16, que chega ao Brasil na próxima quarta-feira. O senhor já tinha enviado uma carta, uma vez, ao papa anterior, ao papa João Paulo 2º, convidando ele a se engajar nessa luta contra a pobreza e contra a exclusão. O mesmo convite vai ser feito ao papa Bento 16?
O mesmo convite vai ser feito, porque nós temos no Vaticano hoje um homem que tem muita importância para a Igreja Católica brasileira, que é o nosso cardeal dom Cláudio Hummes, que hoje é uma pessoa importante na Igreja Católica. É uma pessoa que conhece a fundo os problemas sociais brasileiros. Não só porque foi bispo do ABC quando nós começamos as greves em 1978, como participou ativamente na solidariedade ao povo que lutava por habitação nesse país, como foi solidário aos sem-terra. Depois foi para Fortaleza, continuou tendo um trabalho muito forte junto ao povo oprimido de Fortaleza. Eu penso que Dom Cláudio será um parceiro extraordinário para que a Igreja Católica, como um todo, continue com a sua política voltada para o povo mais pobre, para o oprimido, para os excluídos desse país e do mundo inteiro, para que a gente tenha força e consiga conquistar mais benefícios para o povo pobre do mundo.



Agora, presidente, nessa visita do papa, um dos momentos mais aguardados é a canonização de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Para muitos, vai ser um momento de renovação da fé e também de fortalecimento da auto-estima dos católicos brasileiros. Isso faz diferença na vida das pessoas?
Eu acho que faz, sobretudo porque o povo brasileiro é um povo de muita fé. Eu acho que quando nós temos o reconhecimento da Igreja Católica do primeiro santo brasileiro, eu acho que para o povo católico é extremamente importante, é uma coisa muito forte que certamente vai revigorar a fé do povo. O povo brasileiro é um povo de muita fé, um povo que tem uma participação muito forte na religião. Penso que o fato de termos o primeiro santo brasileiro, eu acho que renova essa fé, renova a força do povo católico brasileiro. Luiz, o que eu acho fundamental na vinda do papa Bento XVI ao Brasil é, na verdade, a expectativa e a esperança do povo. João Paulo II, quando veio aqui em 80 e depois voltou mais duas vezes aqui, ou seja, irradia, na verdade, uma coisa muito forte na fé do povo. Eu penso que a vinda da Sua Santidade o papa Bento XVI, nesse momento, eu acho que é extremamente importante.



Está certo, presidente. Obrigado e até semana que vem.
Obrigado a você, Luiz, e obrigado aos nossos ouvintes.