Nova central vai surgir em julho com dissidentes da Força

A UGT (União Geral dos Trabalhadores), mais nova central sindical brasileira, deve surgir até julho, com ao menos 2 mil sindicatos e associações. É resultado de uma dissidência na Força Sindical e da união de outras três entidades — a CGT (Confederação Ge

A fundação da nova central está marcada para ocorrer em um congresso no Anhembi (SP), entre 19 e 21 de julho. A data foi confirmada em edital publicado há 20 dias. Com a unificação das três entidades, o número de centrais passa de oito para seis. A UGT diz representar cerca de 10 milhões de trabalhadores.


 


A tendência de enxugamento das centrais deve se acentuar, caso o governo Lula consiga tirar da gaveta do Congresso a reforma sindical e aprovar critérios de representatividade (só quem provar percentual exigido de sócios será reconhecido). Na base sindical, entretanto, a história é outra: nasce quase um sindicato por dia.
Só no ano passado o Ministério do Trabalho liberou 307 registros para novos sindicatos, 24% a mais do que em 2005.


 


O governo admite que não foi capaz de conter a proliferação dos sindicatos e que parte deles surge interessada nas verbas recebidas. Em 2006, o imposto sindical obrigatório (equivale a um dia de trabalho) ultrapassou a cifra de R$ 1 bilhão.


 


Tendências


 


Às vésperas do 1º de Maio, a fundação da nova central causa movimentações no meio sindical. A UGT tem quer o posto de segunda maior central do país, ocupado hoje pela Força Sindical — entidade que nasceu no governo Collor. Em primeiro, está a CUT, central historicamente ligada ao presidente Lula e ao PT.


 


O comando da UGT ficará a cargo de Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de SP, que deixou em março a Força, após ocupar por 14 anos o cargo de tesoureiro na central. Com 430 mil trabalhadores em sua base e dono de um orçamento anual em torno de R$ 40 milhões, o sindicato dos comerciários é hoje uma entidade “cobiçada” pelas centrais.


 


“O nosso desafio será representar os excluídos e os sem-carteira. Só no comércio paulista, há 150 mil informais. Há espaço para uma entidade que quer combater a informalidade, defender o ambiente e o impacto das inovações tecnológicas no emprego”, analisa Patah. “As centrais estão longe do trabalhador.”


 


Dirigentes de sindicatos ainda ligados à Força comentam nos bastidores que a central perdeu a oportunidade de se diferenciar com um projeto nacional para os trabalhadores, está hoje partidarizada e virou trampolim para cargos políticos.


 


Contra monopolização


 


Um dos estopins foi o fato de o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, ter continuado no comando da central após se eleger deputado federal. Luis Antonio de Medeiros, quando presidiu a entidade, deixou o cargo ao ser eleito deputado federal em 1998.


 


“Não pode haver monopolização de uma categoria no comando de uma central (os metalúrgicos comandam a Força há 16 anos)”, afirma Francisco Pereira de Souza Filho, o Chiquinho, presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e ex-presidente estadual da Força. Recém-desfiliado da central, é cotado para a vice-presidência da UGT.


 


Canindé Pegado, secretário-geral da CGT, deve manter o mesmo cargo na nova central. “Com toda a segurança, a UGT nascerá como a terceira maior central do país, considerando o percentual de sindicalizados, que é o que de fato interessa.”


 


Enilson Simões de Moura, o Alemão, presidente da SDS, diz que a UGT deve “quebrar paradigmas” e “não se preocupar somente em eleger deputados.” “O sindicalismo precisa sair do século 20 diretamente para o 21”, afirma Laerte Teixeira da Costa, presidente da CAT.


 


Da Redação, com informações da Folha de S.Paulo