Por que as 9 centrais apóiam os metroviários contra Serra?

Mesmo com o mau tempo desta sexta-feira (27), todas as nove centrais sindicais brasileiras se uniram a cerca de 1.200 manifestantes em São Paulo, nesta sexta-feira (27), num protesto contra a demissão de cinco sindicalistas metroviários. Os trabalhadores

Trabalhadores de diversos ramos somaram-se aos metroviários na caminhada em defesa dos direitos trabalhistas – e juntos reiteraram seus protestos contra a emenda 3, pelo direito de greve e pela legalização dos sindicatos. Promovido pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o ato teve concentração na Praça da Sé.


 


De lá, os trabalhadores seguiram em passeata até o edifício Cidade II, onde ficam as sedes da Secretaria dos Transportes Metropolitano e do Metrô. Na opinião das centrais – que lançaram nota de apoio aos metroviários -, o governo Serra não atingiu apenas os manifestantes demitidos. Trata-se, também, de ataque ao direito de greve e de livre organização sindical.


 


Para denunciar os abusos da administração tucana, o protesto contou com representantes das centrais CAT, CGT, CGTB, CUT, Conlutas, Força Sindical, Intersindical, Nova Central e SDS, além de lideranças de outros sindicatos. A mobilização reforçou a batalha dos trabalhadores de todo o Brasil contra a represália do governo do estado e da Cia. do Metrô aos brasileiros que lutam em prol de toda a sociedade.


 


Emenda 3 x tragédia da Linha 4


 


Conforme lembrou o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, o governador de São Paulo agiu com extrema rapidez para reprimir trabalhadores que exerceram seu direito de mobilização para garantir direitos. Mas ninguém agiu com tanta rigidez, quase quatro meses depois, para identificar e punir os responsáveis pela tragédia da Linha 4 – Amarela, que causou a morte de sete pessoas.


 


A livre organização sindical, o direito de greve e a urgência de todos os trabalhadores terem a garantia do registro em carteira foram temas presentes nas intervenções de todos os participantes do ato. O destaque do presidente da Nova Central, Luizinho, foi para a urgência de todos os trabalhadores continuarem mobilizados em torno de questões que não são apenas corporativistas, mas que envolvem toda a sociedade.


 


Seguindo essa lógica, o representante da Conlutas, Dirceu Travesso, completou ressaltando a importância da classe trabalhadora participar de forma massiva das manifestações dos Primeiros de Maio de Luta. Já Índio, da Intersindical, destacou que a retaliação do governo de São Paulo atinge todos os trabalhadores brasileiros, já que pretende acabar com a sua luta contra a exploração de mão-de-obra para aumentar os lucros de banqueiros e empresários.


 


Prévia


 


Ao encerrar o ato público, o presidente do Sindicato, Flávio Godoi, agradeceu a participação de todos os trabalhadores das diversas categorias, bem como os metroviários presentes em mais uma manifestação que demonstra a unidade e a organização da categoria, às vésperas da campanha salarial.


 


Para Godoi, o governo e o Metrô já deram uma prévia de como será o seu tratamento com os trabalhadores, mas os metroviários não podem se render e permitir que retirem nossos direitos conquistados a partir de muita luta, ao longo de décadas.


 


Dando continuidade às ações para reverter as demissões dos cinco sindicalistas metroviários, o Sindicato vai realizar uma assembléia na próxima quinta-feira. Até lá, há a expectativa de haver uma reunião com o governo do Estado e com a Cia. e uma mesa redonda na Delegacia Regional do Trabalho. A categoria vai avaliar o resultado das ações já encaminhadas e definir novas formas de luta.


 


Leia abaixo a nota das centrais em defesa dos sindicalistas demitidos




Nota de apoio à luta dos metroviários elaborada pelas centrais


 


São os chamados PJs. Não têm registro em carteira e precisam emitir nota fiscal. Perdem o 13º, as férias, a aposentadoria, o vale-refeição, o vale-transporte, o FGTS, licença-maternidade e todos os outros direitos. Além disso, precisam pagar impostos e uma série de outras despesas. E continuam com um salário semelhante ao de outros trabalhadores registrados em carteira.


 


A emenda 3 quer acabar com os mecanismos que hoje proíbem as empresas de recorrer a essa fraude. Se os fiscais não puderem mais multar e exigir que os assalariados sejam tratados como tal, até aqueles que hoje têm contrato em carteira serão ''convidados'' a abrir uma firma e a emitir nota fiscal. Será o fim dos direitos dos trabalhadores brasileiros.


 


Para impedir esse roubo, fizemos as manifestações. Faremos outras, ainda maiores, se o Congresso não tirar definitivamente a emenda 3 de cena.


 


Portanto, a demissão de cinco sindicalistas metroviários, anunciada pela companhia na última segunda-feira como retaliação à paralisação, é um ataque a todas as centrais sindicais e a todos os trabalhadores brasileiros ameaçados pela emenda 3 – o que inclui os passageiros do Metrô. Os cinco demitidos, dirigentes do Sindicato dos Metroviários de São Paulo-CUT, devem ser imediatamente readmitidos. Com esse propósito, estamos solicitando audiência com o governador do Estado, José Serra, a quem a direção do Metrô está subordinada.


 


CAT, CGT, CGTB, Conlutas, CUT,
Força Sindical, Intersindical, Nova Central e SDS