Após longo debate, Vaticano diz que o limbo é improvável

O Vaticano publicou nesta sexta-feira (20) um documento afirmando haver base para a “esperança de que as crianças não batizadas sejam salvas” – em outras palavras, a igreja entende que há boas razões para crer na salvação dos pequenos que morrem antes de

O início dessa discussão no âmbito da Comissão Internacional de Teologia, da Santa Sé, veio a público no fim de 2005, vinculada à dúvida sobre a existência do limbo. A conclusão a que chegou a comissão, um corpo consultivo da Congregação para a Doutrina da Fé, é a de que o mais provável é que o limbo não exista.



Incorporado aos ensinamentos da Igreja Católica no século 13, o limbo é o lugar para onde vão as crianças que morrem antes de receber o batismo. É um lugar onde não haveria sofrimento, dado que a criança não foi condenada, mas também não é o paraíso, que implica a comunhão com Deus.



O destino dessas crianças revelou-se um problema teológico porque, por um lado, é difícil aceitar que uma criança possa ser condenada apenas por não ter sido libertada do pecado original. Por outro, se a salvação vem mesmo sem o batismo, para que batizar a criança?



Paraíso
A conclusão a que os 29 membros da comissão chegaram, e que foi ratificada por Bento 16, é justamente a de que, muito possivelmente, a criança morta antes do batizado será salva – e vai para o paraíso. A justificativa, segundo o sítio Catholic News Service, é que “a exclusão de bebês inocentes do paraíso não parece refletir o amor especial de Cristo pelos pequeninos”.



“Deus pode, portanto, dar a graça do batismo sem que o sacramento tenha sido administrado”, afirma o documento, intitulado “A Esperança de Salvação para Crianças que Morrem sem Ser Batizadas”.



Mas, a fim de não desvalorizar a importância do batismo para a doutrina católica, o texto de 41 páginas esclarece que isso não é motivo para que os pais da criança adiem a administração do sacramento. O documento reafirma a idéia de que a pessoa nasce com o pecado original e enfatiza que “há esperanças de que Deus salvará essas crianças justamente porque não era possível fazer por elas o mais desejável, batizá-las”.



O texto da comissão teológica afirma ainda que “a igreja não tem conhecimento absoluto sobre a salvação das crianças não batizadas”, já que não há nas escrituras referência explícita sobre isso.



Essa esperança já havia sido incorporada aos ritos do catolicismo, segundo informa o Catholic News. Em 1970 foi criado um ritual fúnebre para as crianças que os pais pretendiam batizar, mas não puderam.



Da redação, com informações da Folha de S.Paulo