Atirador deixa vídeo sobre massacre: "podiam ter evitado"

A rede de televisão americana NBC exibiu na noite de quarta-feira (18) um vídeo feito por Cho Seung-hui, o autor do massacre da Universidade Virginia Tech nos Estados Unidos. Cho deixou também 29 fotografias, nas quais aparece vestido com as roupas e

Veja a reportagem da NBC no YouTube (em inglês):


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E outro vídeo, atribuído ao FBI.

 

Após ver as imagens, a mídia americana também apontou um filme sul-coreano de 2004 como "inspirador" de Cho. O filme Old Boy, de Chan Wook-park, tem cenas semelhantes às que Cho enviou à redação da NBC. 

As semelhanças são comentadas em vários blogs na Internet. O professor Paul Harrill, da Virginia Tech, notou o paralelo e alertou as autoridades, segundo o The New York Times. A pose de Cho segurando um martelo é semelhante à do ator do filme Old Boy e é um dos exemplos apontados. 

Old Boy relata a história de um comerciante que é misteriosamente capturado e mantido numa cela, sem nenhuma explicação, durante 15 anos. Depois do cativeiro comerciante é solto e procura a vingança. 

Para isso, recebe um celular e uma quantia em dinheiro. O filme retrata a luta pela descoberta dos alvos a abater. A trama, intrigante, garantiu ao filme o Grande Prêmio do Júri em Cannes. 

"O paralelo com a clausura da personagem, a revolta e o desejo de vingança são fáceis de estabelecer se pensarmos que Cho vivia isoladamente, afastado da sociedade, e culpava os outros pela sua incapacidade de integração", supôs Harril. 

Nos vídeos enviados à NBC o autor do maior massacre na história dos EUA diz: "Vocês adoravam crucificar-me. Adoravam induzir o câncer na minha cabeça, terror no meu coração, arrancando a minha alma".

A polícia também acredita que Cho viu o filme e encenou as cenas como preparação para a matança que protagonizou. Algumas das poses são ainda associadas a cenas de filmes do realizador Jonh Woo, que dirigiu filmes como Face Off. 

Nas imagens, Cho aparece vestindo um boné de beisebol ao contrário, luvas pretas e um colete com vários bolsos. Segundo algumas testemunhas esta foi a roupa que usou durante o massacre. 

As motivações de Cho estão diretamente ligadas ao estilo de vida americano: "As suas Mercedes não eram suficientes, seus fedelhos. Os seus colares de ouro não bastavam, seus esnobes. Os seus fundos de investimento… a sua vodka e conhaque não eram suficientes. Os seus deboches não eram suficientes… para preencher as suas necessidades hedonísticas".

Quando o vídeo de Cho foi ao ar na noite desta quarta-feira no noticiário "NBC Nightly News", muitos ficaram perplexos. Outros balançaram a cabeça e uns choraram.

"Vendo estas imagens, tudo parece mais real ainda", disse Laura Sink, estudante de 22 anos, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ela estava reunida com outras 50 pessoas em um restaurante próximo à universidade Virginia Tech. 

A maioria dos locais públicos no campus de Virginia Tech já estavam quietos, pois muitos estudantes decidiram voltar para suas casas. Mas uns poucos se reuniram em uma lanchonete para assistir as imagens.

"Saiu tudo como ele planejou. Ele sabia exatamente o queria fazer – e fez", afirmou Heather Brennan, uma estudante da universidade. Já o professor universitário de engenharia Civil David F. Kibler, que conhecia oito das 32 vítimas disse que não quis ver o que foi passado na NBC. 

"Está claro que ele assassinou pessoas a sangue frio. Não há mais o que acrescentar. Mas o difícil é explicar isto para alunos que tentam retomar os estudos", disse o professor.

Calado e tímido

Cho Segung-hui, era um menino calado e tímido que tinha problemas de comunicação, afirmou o avô citado hoje pela imprensa sul-coreana. 

Os diários sul-coreanos Dong-A Ilbo e Hankyoreh Sinmun, o jovem Cho, foi desde pequeno uma fonte de preocupações para os pais por ter dificuldades de comunicação, sem que no entanto tivesse um mau comportamento. 

"Ninguém voltou a ver Seung-hui desde que foi para os Estados Unidos aos sete anos e todos se preocupavam com ele porque desde pequeno era muito calado", relatou o avô materno de Cho em entrevista aos jornais. 

A família de Cho foi para os Estados Unidos em 1992 em busca de melhores condições de vida, abrindo um negócio próprio de lavanderia.