México vê deputados pró-aborto receberem ameaças de morte

Nos arredores da Assembléia Legislativa (ALDF) da capital mexicana, dezenas pessoas, vestindo camisetas estampando a frase ''Um filho se defende com a vida'', gritavam palavras de ordem contra a iniciativa.

''Se você tem algo a dizer a estes deputados, aqui estão seus números de telefone e e-mails'', dizia aos pedestres David Rodríguez, de 36 anos, enquanto distribuía cartões com os dados dos legisladores que defendem a ampliação de quatro para cinco as situações em que o aborto é permitido na capital.

Em uma tela de plasma, os manifestantes contrários ao aborto exibem em plena rua vídeos sobre a concepção, casos de aborto e um anúncio comercial do famoso ator Roberto Gómez Bolaños, conhecido por interpretar os personagens ''Chaves'' e ''Chapolim'', usado como marca dos contrários à iniciativa.

Terrorismo
Na Assembléia, o clima de preocupação aumenta à medida que se aproxima a data de votação da lei, prevista para a próxima terça-feira (24), após as ameaças de bomba e de morte recebidas por deputados favoráveis ao projeto.

''As ameaças contra os deputados têm aumentado de tom, são ligações telefônicas, recados deixados em seus carros. Pelo menos um foi ameaçado de morte'', disse uma fonte da Assembléia da capital mexicana, explicando que na segunda-feira a instituição e o prédio onde ficam os gabinetes dos deputados sofreram duas ''ameaças de bomba'' por telefone.

''Os dois locais foram revistados, mas não foram encontrados explosivos'', continuou a fonte, destacando que os autores da ameaça disseram que ''sabem perfeitamente onde estão os escritórios dos deputados do Partido da Revolução Democrática'' (PRD).

Embora a iniciativa para ampliar a descriminalização do aborto na Cidade do México tenha sido apresentada pelo ex-governista Partido Revolucionário Institucional (PRI), é o PRD – de caráter progressista e dono da maior bancada no Parlamento da capital – quem se mostra mais favorável à iniciativa.

Os deputados que promovem a iniciativa estão presos à redação de uma quinta cláusula para descriminalizar o aborto nas 12 primeiras semanas de gravidez. O projeto também levaria em conta como o projeto de vida de uma mulher se modifica com uma gravidez indesejada. Atualmente, o aborto na Cidade do México é permitido nos casos de estupro, risco para a saúde da mulher, más-formações genéticas e inseminação artificial não-autorizada.