Mulheres debatem Previdência

Movidas por proposta de redução de direitos das trabalhadoras em uma próxima reforma da previdência, mulheres se organizam para exigir participação em fórum

 Diversas entidades de mulheres realizaram ontem (12) o Fórum Itinerante e Paralelo da Previdência Social. Organizada por entidades como a Articulação Brasileira de Mulheres, a Federação Nacional de Trabalhadoras domésticas, a Marcha Mundial de Mulheres e o Movimento de Mulheres Camponesas, a atividade ocorreu em frente ao Ministério da Previdência. Com o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de maior amplitude na composição do Fórum sobre a Reforma da Previdência, a reunião tirou como importante pauta de reivindicação a presença de uma representação dos movimentos de mulheres no Fórum, que foi constituído no início deste ano.


 


Diminuir desigualdades


A carta que convocou o Fórum Paralelo destaca que “a Política de Previdência social deve contribuir para superar – e não para reproduzir – as desigualdades no mundo do trabalho, vividas pelas mulheres e outros segmentos de trabalhadores hoje submetidos à desproteção”. Outra preocupação presente nos debates diz respeito à ameaça de se acabar com o direito à diferença de idade da aposentadoria da mulher – menor em cinco anos em relação à aposentadoria masculina. 


 


A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG), que foi a primeira presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM), defende a diferença de idade, alegando a dupla jornada feminina: “lembro bem a dura a batalha que já travávamos para que a maternidade fosse compreendida em sua função social e a dupla jornada de trabalho – o doméstico – reconhecida como um acréscimo de desgaste da mulher. Parece que as pessoas esquecem que, quem cuida dos filhos, dos doentes da casa, das tarefas domésticas são exatamente aquelas que também trabalham nas fábricas, lojas, escolas, academias, na informalidade até”.


 


Argumento estrangeiro


Para a deputada, os argumentos apresentados para justificar o fim do benefício, como a comparação com outros países, não condizem com a realidade brasileira. “Comparar com países como a Suécia, onde não existe a diferença, são argumentos de quem ou desconhece a situação daquele rico país ou não conhece o Brasil”, argumenta Jô.


 


Jô Moraes esteve presente ao Fórum Itinerante e Paralelo da Previdência Social, debate do qual participaram cerca de trezentos homens e mulheres e que resultou em inúmeras sugestões sobre o tema, as quais serão encaminhadas ao Fórum oficial.


 


De Belo Horizonte


Luana Bonone