Fontes alternativas de energia provoca debate no Senado

Apesar de ter um potencial invejável, com várias cidades litorâneas apresentando ventos constantes e de boa qualidade, o Brasil não está entre os dez países que mais utilizam a energia eólica no mundo. A informação é da diretora da Associação Brasileir

Ivonise Campos participou, nesta terça-feira (17), junto com outras autoridades, da reunião conjunta das comissões de Relações Exteriores, Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle e de Serviços de Infra-estrutura (CI), que tratou das fontes alternativas de energia. 



A audiência, proposta pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), teve ainda como convidados o representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Adriano Duarte Filho; o diretor-geral da Agência Nacional de  Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman; e o coordenador da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Manoel de Castro Neto.



Energia eólica



Ivonice Campos afirmou que o Brasil precisa de uma política energética que priorize a instalação de fábricas de aerogeradores e equipamentos, com sustentabilidade econômica. Ela explicou que as centrais podem ser construídas muito próximas umas das outras e até instaladas no mar.


A diretora da ABEE destacou que essa indústria é a que mais cresce no mundo, atualmente. O país líder na utilização da energia eólica é a Alemanha, com 20 mil megawatts instalados. Em seguida, vêm os Estados Unidos, a Índia e a China, sendo que este último, em um ano apenas, instalou 1,2 mil megawatts.



Redução de custos



O senador Inácio Arruda destacou que a reunião foi motivada pelo acelerado debate sobre aquecimento global. “Há muitos anos o Nordeste brasileiro convive com a problemática do clima, para nós não é uma questão de momento. Essa é a oportunidade de debater isso, com mais intensidade e profundidade, e tentar o aproveitamento das fontes de energia possíveis”, alertou.



O senador quis saber a respeito dos financiamentos para geração de energia e qual seria a diferença em termos de custos entre usinas hidrelétricas e eólicas. “A água em determinadas regiões é escassa, mas em compensação temos os ventos Seria interessante, por exemplo, a implementação de projetos piloto na área de energia eólica, como o abastecimento de um bairro”, afirmou.



O diretor geral da ANEEL, Jerson Kelman, explicou que um dos motivos para que a energia eólica ainda possua custo superior em relação à hidrelétrica ou termelétrica reside nas exigências de que os equipamentos sejam fabricados no Brasil. Para ele, os investimentos em energia alternativa interessam ao Brasil, o problema ainda é o alto custo de produção.



Ivonice Campos lembrou que os custos tendem a diminuir na medida em que o uso de energia eólica receber incentivos e alargar sua base de produção.



Energia renovável



Manoel Polycarpo de Castro Neto, da ANP, lembrou que as alterações climáticas estão tornando-se uma preocupação cada dia maior, com secas e enchentes em várias regiões. E destacou que a agência tem como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas não apenas da indústria do petróleo, mas também em relação ao gás natural e aos biocombustíveis.



Polycarpo disse ainda que 43,6% da matriz energética do Brasil é baseada em fontes renováveis. “Isso é bom, sendo que a maior parte desse percentual é de hidroeletricidade. No mundo inteiro, a percentagem de fontes renováveis é de somente 12 ou 13%”, concluiu.



Iniciativas do governo



Os convidados fizeram um resumo das respectivas áreas em relação à produção de energia alternativa. Adriano Duarte Filho destacou que entre os projetos de pesquisa em energias alternativas que vêm recebendo investimento governamental estão os que envolvem biomassa e biodiesel.



Segundo ele ainda, esse setor de pesquisa recebeu R$16 milhões do governo, entre 2003 e 2005. E anunciou que entre 2006 e 2008 os recursos devem ser em torno de R$20 milhões, uma vez que os projetos começam a se concretizar. O governo vem investindo também, segundo Adriano Duarte Filho, nas pesquisas que envolvem o uso do etanol e ainda as energias solar e eólica. Só na criação do Instituto de Pesquisa Solar, o governo investiu R$2,5 milhões, informou.



Para o futuro, em torno de 2020, Adriano Duarte aponta que o hidrogênio deverá transformar-se em importante matriz energética no Brasil.



Kelman, também citou iniciativas do governo que, de acordo com suas informações, objetivam estimular o uso de matrizes energéticas alternativas. E usou como exemplo a redução de 50% no custo da linha de transmissão para geradores que usem meios de geração alternativos, como a energia eólica.



O governo, ainda, pretende dar isenção de 100% no pagamento do uso da linha se a energia for resultado da queima de lixo urbano (que não coloca resíduos na atmosfera), informou.



Segundo Kelman, o governo deve realizar, em maio, leilão para oferecer à iniciativa privada diversas licenças para exploração de fontes incentivadas de energia, como pequenas hidrelétricas, usinas eólicas e termoelétricas baseadas na queima do bagaço de cana-de-açúcar.



Com agências