Universidade Nova vai mudar ensino superior no país

A Comissão de Educação e Cultura promove, nesta terça-feira (17), Seminário sobre o Projeto “Universidade Nova”, que prevê mudanças nas Instituições de Ensino Superior do país. O seminário foi proposto pela deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), pois, seg

O Projeto Universidade Nova foi debatido por 193 representantes de Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil e do Ministério da Educação no 1.º Seminário Nacional da Universidade Nova – Reestruturação da Arquitetura Acadêmica da Educação Superior no Brasil, realizado no início de dezembro de 2006, em Salvador, Bahia. No total, doze universidades federais encabeçam a discussão do Projeto.



A proposta discutida visa, com uma reestruturação radical e profunda, a formação profissional e de pós-graduação, em especial, como define o reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Almeida Filho, um dos idealizadores do Projeto. “O Brasil mantém um modelo de formação do século XIX. O mundo inteirou avançou e nós não”, justifica Naomar Almeida.



Uma das reestruturações a que Almeida se refere diz respeito à forma de ingresso na universidade. O vestibular, método atual de seleção, seria abolido e trocado por outro processo. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está entre as alternativas possíveis de substituição.


Pré-requisito


Outra modificação ocorreria na estrutura curricular, a partir da implantação dos Bacharelados Interdisciplinares. Os Bacharelados são voltados para um âmbito mais geral do ensino, e levariam cerca de três anos. Eles seriam aplicados em áreas como artes, humanidades e saúde, e deveriam ser freqüentados pelos alunos antes do início de um curso profissionalizante e específico, como Medicina ou Engenharia, por exemplo.



O Bacharelado seria um pré-requisito para a profissionalização, permitindo aos estudantes uma formação mais abrangente.



A discussão da Universidade Nova também é considerada importante para a instituição que representa as universidades públicas brasileiras – a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O presidente da Associação e reitor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Paulo Speller, classifica a proposta como uma iniciativa interessante. Para ele, as mudanças previstas pela Universidade Nova, como a questão do vestibular, são necessárias. Segundo Speller, o método atual de seleção é excludente e, por isso, é preciso expandir a universidade pública para, nela, incluir jovens e adultos.



A implantação da Universidade Nova dentro das instituições públicas de ensino superior também levanta algumas questões polêmicas. Um dos problemas apontados diz respeito ao término dos Bacharelados. O estudante, com o diploma em mãos, ainda não teria condições de entrar no mercado de trabalho, especialmente nas profissões que exigem formação específica, como é o caso de Engenharia, Medicina e Direito, questionam alguns.



Outro problema seria quanto à garantia, inexistente, do estudante do Bacharelado conseguir vaga nos cursos posteriores, de profissionalização.



Fim do vestivular



O processo de seleção, que pode sofrer alterações, também é uma das questões mais polêmicas dentro do projeto. Com o fim do vestibular e a implantação de um método mais igualitário e a nível nacional, o número de alunos, dentro das universidades, sofreria um aumento.



A discussão sobre a Universidade Nova surge junto com o debate sobre a Reforma Universitária, porém, sem se apresentar como uma alternativa à proposta do Governo.



O Seminário será dividido em duas mesas iniciais, uma para debater o tema “Readequação dos currículos na Universidade Nova”, outra para discutir a “Organização Profissional no contexto da Universidade Nova”.



De Brasília
Gustavo Sousa