Corrupção: Wolfowitz insiste em ficar à frente do Bird

Apesar do escândalo que envolve sua namorada, o atual presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, negou no domingo (15) mais uma vez que vá renunciar à presidência da instituição, à qual foi levado por ser um dos principais mentores da administração Bush

O chefe do Bird e amigo de Bush tem sido pressionado para renunciar devido ao escândalo envolvendo a sua participação na promoção e transferência de sua namorada, que trabalhava na instituição até setembro de 2005.


 


Shaha Ali Raza, americana de origem libanesa, foi transferida para o Departamento de Estado americano pouco após ele assumir a presidência. Com a transferência, ela recebeu um polpudo aumento, de US$ 61 mil, elevando o seu salário anual para mais de US$ 193 mil.


 


Durante o recente encontro do FMI e do Bird, a associação de funcionários do Banco Mundial pediu a renúncia de Wolfowitz e a diretoria do órgão criticou sua interferência no episódio. O presidente do Bird foi até vaiado por funcionários do órgão no saguão da instituição, mas tem insistido em dizer que não tem a intenção de renunciar.


 


Ex-vice-secretário de Defesa americano, Wolfowitz foi um dos mentores da administração Bush e um dos principais responsáveis pela guerra contra o Iraque. Veio para o Bird indicado pelo governo americano e com a anuência de Kofi Anan, então secretário-geral da ONU.  Paradoxalmente, suas promessas para a direção do Banco Mundial rezavam pela ''ênfase em programas de transparência política e de combate à corrupção''.


 


Durante uma entrevista coletiva realizada neste domingo (15), foi indagado se não achava uma hipocrisia o fato de pregar programas anticorrupção enquanto permanece à frente do cargo, limitando-se a responder que não ''iria comentar sobre a premissa da questão''.


 


A diretoria do Bird, formada por 24 membros, está discutindo o episódio envolvendo a namorada de Wolfowitz e nos próximos dias decidirá o que fazer com o caso de corrupção.


 


Com dupla cidadania, israelense e americana, o mentor da atual política externa americana não pára de receber críticas de todo o mundo pelo favorecimento ilícito à sua namorada. O diretor internacional da organização ''Governement Accountability Project'', que presta auxílio a pessoas que desejam fazer denúncias contra autoridades, em Washington, criticou Wolfowitz por este cobrar a responsabilidade dos países em desenvolvimento contra a corrupção.



''É muito irônico que Wolfowitz dê lições aos países em desenvolvimento sobre boa governabilidade e a luta contra a corrupção e, ao mesmo tempo, aprove a promoção irregular e um aumento de salário extraordinário de uma namorada,'' comentou Bea Edwards, diretor internacional da organização.



Os jornalistas da revista americana ''Foreign Policy'', por exemplo, indagam: ''considerando a cruzada lançada por Paul Wolfowitz contra a corrupção nos países que recebem ajuda do Banco Mundial, não é um pouco hipócrita conceder privilégios à namorada?''.



''Como o Banco Mundial pode falar em governabilidade se seu presidente infringiu as leis internacionais com a guerra do Iraque?'', questionaram funcionários mexicanos durante um processo de consultas no fim do ano passado, segundo documentos na página da internet da entidade.