Movimento dos Desempregados quer mais cursos profissionalizantes

A criação de cursos profissionalizantes que também ensinem a comercializar a produção e a administrar um negócio foi uma das propostas para combater o desemprego nas cidades, do encontro nacional do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD).

O evento reuniu na última semana cerca de 200 participantes de dez estados em Porto Alegre (RS). Eles discutiram alternativas de trabalho para pessoas que moram no campo e nas cidades e também as causas do desemprego no país. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) apontou que em 2005 existiam no Brasil cerca de 9 milhões de pessoas sem emprego.


 



Aos 27 anos de idade, Antônio Júnior representou o Distrito Federal no encontro. Desempregado há seis anos, ele levou experiências de grupos de produção de material de limpeza, confecção de roupas e serigrafia, desenvolvidas no entorno de Brasília. Ele explicou a vantagem deste modo de produção: “Os grupos são estruturas auto-gestionadas em que as pessoas têm o controle sobre o que vão produzir e como se organizarão para lucrar a partir da venda dos produtos”, esclareceu Antônio Júnior.


 


Para ele, os grupos de produção são uma forma de gerar renda e trabalho com dignidade e o respeito em contraposição “a exploração do mercado de trabalho que remunera mal os trabalhadores e exige alta carga horário de trabalho”. A meta de Antônio Júnior é voltar para o DF com entusiasmo para motivar as pessoas a superarem a condição de desemprego. “A grande experiência do encontro é a motivação e a perseverança”.


 


Da coordenação do MTD, Eleniso Portela, disse que para a população do campo a idéia é criar assentamentos rural-urbanos em áreas localizadas perto das cidades, onde sejam cultivadas, por exemplo, a agricultura orgânica. Na região metropolitana de Porto Alegre, Portela cita a experiências de assentamentos que produzem e trocam, leite, mandioca e queijo. “A vantagem dos assentamentos rural-urbanos é que as família não precisam morar entulhadas nas favelas e Podem produzir coletivamente, além de trocar produtos, até mesmo entre municípios”, comentou.



Frentes de trabalho, que além de empregabilidade por um período determinado, também ofereçam qualificação, também podem ser uma solução para o desemprego. Portela explicou que em Caxias do Sul (RS), uma parceria com a prefeitura capacitou pessoas em várias áreas como reciclagem, panificação e agro-indústria.


 


Durante os seis meses de prestação de serviço e treinamento, segundo Portela, a prefeitura pagou um salário mínimo e auxílio alimentação para os trabalhadores. “A idéia deste tipo de iniciativa é que as pessoas depois de saírem das frentes de trabalho possam seguir em uma profissão que tenha a ver com as necessidades de mão-de-obra da região, mas sem precisar de um patrão”, explicou.


 


De acordo com Portela, a meta do MTD para o ano de 2007 é difundir as propostas discutidas no encontro e alcançar mais estados da federação. “Nossos alvos são a população pobre que vive nas periferias, mulheres e chefes de família”.
O encontro nacional do MTD foi realizado em parceria com o evento indígena Sepé Tiaraju. Para marcar as comemorações do abril indígena, índios da etnia Guarani do Brasil e de países vizinhos discutiram a demarcação de terras e o acesso às políticas de educação e saúde. 


 


Manifestações indígenas estão programadas para ocorrer até a quinta feira para marcar o Dia do Índio, 19 de abril. Durante esta semana um acampamento será organizado em Brasília.


 


Fonte: Agência Brasil