Kasparov paga multa por participar de protesto contra Putin

O ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, detido neste sábado (14) durante manifestação da oposição em Moscou contra a política do presidente russo, Vladimir Putin, foi finalmente liberado depois de condenado a pagar multa de US$ 40. Kasparov acus

Garry Kasparov “foi liberado e condenado a pagar 1.000 rublos” (40 dólares), disse o porta-voz da Frente Cidadã, dirigida pelo ex-campeão.



Kasparov ficou quase cinco horas na delegacia sendo levado à noite a um tribunal, onde foi condenado “por ter gritado slogans contra o governo”, afirmou sua advogada Karinna Moskalenko à agência Ria-Novosti.



Críticas ao governo russo



Kasparov foi preso entre pelo menos 170 pessoas detidas durante uma passeata organizada pela coalizão de oposição “Outra Rússia”, que é apoiada pela fundação norte-americana National Endowment for Democracy (NED) e apontada como sendo uma oposição pró-Estados Unidos.



“Hoje o regime mostrou suas cores verdadeiras, sua face verdadeira”, disse Kasparov, 44, que sustentou o título de campeão mundial de xadrez por mais de uma década antes de se aposentar, em 2005, para se devotar à política e tornar-se um dos líderes da coalizão.



“Eu acredito que esta foi uma grande vitória para a oposição porque as pessoas conseguiram passar e a passeata aconteceu”, disse ele sendo aplaudido por cerca de dez simpatizantes que carregavam rosas.



“Nós fomos presos quando não estávamos fazendo nada. Não houve ação. Estávamos apenas caminhando”, disse ele a cerca de 20 jornalistas.



A polícia de choque interrompeu o protesto realizado em uma praça a cerca de um quilômetro do Kremlin e dispersou uma multidão de manifestantes que promoviam uma passeata no centro de Moscou.  Cerca de duas mil pessoas participaram do protesto.


Autoridades da cidade tinham proibido a “marcha dos descontentes”, o mais recente de uma série de protestos contra o Kremlin em cidades russas. A polícia mobilizou cerca de 9.000 homens para manter a ordem e informou que impediu uma “reunião ilegal”.



Kasparov disse que os manifestantes foram atacados durante os protestos.



“O que aconteceu foi simplesmente um ataque criminoso promovido por pessoas vestidas em uniformes de polícia de choque contra cidadãos russos que estavam apenas caminhando”, disse ele. “Todas as possíveis violações (de procedimento) foram cometidas, do momento em que fomos pegos e levados para este tribunal.”



Caso Berezovsky



O protesto teria sido convocado como um ato de solidariedade ao magnata russo russo Boris Berezovsky, que recentemente foi liberado para entrar no Brasil para investir no Corinthians e no setor aéreo brasileiro.  Berezovsky disse em recente entrevista que está planejando um golpe de Estado na Rússia para derrubar o presidente Vladimir Putin.


 


“Nós precisamos usar a força para mudar esse regime”, disse Berezovsky, que recebeu asilo na Grã-Bretanha.


 


“Não é possível mudar esse regime através de meios democráticos. Não é possível haver mudança sem força, pressão.”


 


Questionado se estava incitando um golpe de Estado, ele disse: “Você está absolutamente correto”.  Berezovsky, disse estar em contato com membros da elite política da Rússia.


 


Ele afirmou que essas pessoas — que preferiu não identificar porque, segundo ele, isso colocaria suas vidas em risco — compartilham sua opinião de que Putin está corroendo as reformas democráticas, centralizando o poder e infringindo a constituição russa, de acordo com o jornal londrino “The Guardian”.


 


“Não há chance de o regime mudar através de eleições democráticas”, disse Berezovsky. O empresário afirmou que está oferecendo sua “experiência e ideologia” aos seus contatos, e acrescentou: “Há ainda algumas medidas práticas que estou tomando agora, e a maior parte delas é financeira”.


 


O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov condenou os comentários, qualificando-os de ofensas criminosas, e disse esperar que eles colocassem em questão o status de refugiado de Berezovsky na Grã-Bretanha, afirmou o jornal.


 


“De acordo com a nossa legislação, (suas observações estão) sendo tratadas como crime. Isso causará alguns questionamentos das autoridades britânicas ao senhor Berezovsky”, disse Peskov ao jornal.


 


“Nós queremos acreditar que Londres jamais garantirá asilo a alguém que queira usar a força para mudar o regime na Rússia.”


 


No mês passado, Berezovsky encontrou-se com investigadores russos em Londres para responder questões sobre o assassinato do ex-espião da KGB Alexander Litvinenko, envenenado em Londres em novembro do ano passado.


 


Berezovsky ficou conhecido no Brasil depois que jornais publicaram que ele seria um dos investidores ligados à MSI, que desenvolve uma controversa parceria com o Corinthians desde 2005.


 


O russo esteve no país em 2006 e chegou a ser interrogado por promotores que investigam os negócios da parceira corintiana.


 


Nesta semana, o deputado estadual Vicente Cândido (PT-SP) afirmou a jornalistas ter obtido do governo federal a garantia de que o empresário pode vir ao Brasil sem correr o risco de ser extraditado para a Rússia. “A negociação foi complicada, o governo russo fez muita pressão. Eles queriam que o Brasil aceitasse o pedido de extradição, mas isso não irá mais acontecer”, afirmou Cândido.


 


Berezovsky teria interesse de construir um estádio para a Copa do Mundo de 2014, além de fazer investimentos nos setores energético e de infra-estrutura.


 


Berezovsky, de 61 anos e matemático, fez fortuna com a compra de ações do Estado quando o governo russo, de Boris Ieltsin, deu início ao processo de privatização. Ele fugiu da Rússia em 2000, após as eleições presidenciais.


 


Da redação,
com agências