Contra CPI no Senado, Renan Calheiros cobra “bom senso” da oposição

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou hoje que é contrário à proposta de instalação da CPI dos Aeroportos. “Estou fazendo um apelo aos líderes da oposição para que tenham bom senso.” Rena

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira (12) que é contrário à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Casa para investigar a crise do setor aéreo. Segundo ele, os parlamentares precisam priorizar a votação de matérias que poderão beneficiar a sociedade, a exemplo dos projetos de combate à violência apreciados pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).


 


 


“A CPI não é o que a Casa quer, apesar de ser um direito da minoria. Não há esse sentimento investigatório aqui no Senado”, disse.


 


 


Ao ser indagado pela imprensa se as prerrogativas regimentais, como a exigência da assinatura de 27 senadores para a criação de CPI, serão consideradas na análise do requerimento para a instalação da comissão, Renan disse esperar que o “bom-senso”.


 


“Espero que o bom-senso prepondere e que esse requerimento não seja entregue na Mesa do Senado. Temos coisas mais urgentes para votar…”, argumentou Renan.


 


 


Na opinião do presidente do Senado, nem mesmo as denúncias de corrupção que atingem a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), administradora dos aeroportos, merecem a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito. “A investigação política só deve ocorrer quando não há outra em andamento, e os órgãos competentes, como a Controladoria Geral da União e o Ministério Público, já estão fazendo o seu trabalho”, disse Renan.


 


Ele observou, no entanto, que mesmo sendo “pessoal e politicamente” contrário à instalação da CPI, vai se conduzir de acordo com o regimento.


 


 


O presidente do Senado concedeu entrevista à imprensa após reunião que contou com a presença do senador José Agripino (DEM-RN), entre outros parlamentares, para a discussão de matérias constantes da pauta de votação do Senado.


 


 


Oposição vai esperar


 


 


Segundo líderes da oposição, já foi atingido o número (27) de assinaturas necessárias para a instalação da CPI no Senado Federal. Apesar de ter atingido o mínimo previsto pelo regimento para pedir a abertura da comissão, os oposicionistas vão esperar até a semana que vem para entregar o pedido ao presidente do Senado.


 


 


A oposição quer reunir um número maior de assinaturas diante da possibilidade de alguns senadores retirarem seus nomes do requerimento. Como integrantes da base aliada do governo assinaram o pedido, a oposição teme que eles voltem.


 


 


 


Os nomes dos 27 senadores que assinaram o pedido de instalação da CPI foram mantidos sob sigilo para evitar a suposta pressão do Palácio do Planalto sobre os governistas. Segundo o senador José Agripino, a oposição não vai desistir de instalar a CPI no Senado mesmo diante das articulações do governo para que ela não saia do papel.


 


 


“Só há uma hipótese de ter recuo na iniciativa do Senado: se os deputados que pediram a instalação da CPI na Câmara solicitarem a nossa reconsideração”, afirmou Agripino.


 


 


Waldir Pires: “governo não tem medo de CPI”


 


 


Ainda ontem, o ministro Waldir Pires (Defesa) afirmou que o governo federal “não tem medo de CPI” para investigar a crise aérea do país. “Por que teria?”, questionou Pires depois de participar de audiência pública no Senado que discutiu a crise no setor.


 


 


Durante a audiência pública, Pires voltou a atribuir a “problemas de gestão” a responsabilidade pela crise aérea –em especial falhas em equipamentos e em recursos humanos. Segundo o ministro, o governo busca soluções para os problemas. “Estamos no caminho de solucionar uma crise lamentável que nossa população viveu.”


 


 


O ministro voltou a defender a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na gerência da crise. Segundo Pires, Lula agiu de forma certa ao atender os controladores de vôo para que retomassem suas atividades depois de greve relâmpago que paralisou os aeroportos brasileiros.


 


 


Na ocasião, Lula designou o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) para negociar com os controladores. Mas depois voltou atrás e repassou o comando das negociações para a Aeronáutica.


 


 


O presidente do Sindicato dos Controladores de Vôo, Jorge Botelho, disse estar aguardando a retomada das negociações.


 


 


“Esperamos que o presidente Lula defina quem será o interlocutor. Eu vou conversar com os controladores [civis] para decidirem por quanto tempo vamos esperar. Estamos com a máxima boa vontade para conversar”, afirmou Botelho.


 


 


Da redação,
com agências