Iraque: Explosão no ''seguro'' parlamento mata oito

Uma semana após as forças de ocupação anunciarem uma grande operação de ''segurança'' em Bagdá, um ataque suicida desferido nesta quinta-feira (12) em uma lanchonete do Parlamento iraquiano matou 8 pessoas e feriu mais de 20.

O ataque foi efetuado contra uma das áreas mais protegidas da Zona Verde, uma fortaleza supostamente intransponível que abriga o comando das forças de ocupação e as instalações do governo instalado pelos ocupantes.



Uma fonte das forças de segurança iraquianas, citada pela agência Reuters, conte que a explosão foi causada por um suicida que vestia um cinto com explosivos. O parlamento situa-se na Zona Verde de Bagdá, uma área fortificada no centro da capital iraquiana, onde se encontra o quartel general das tropas americanas bem como numerosas sedes governamentais do executivo iraquiano.



A explosão ocorreu no refeitório do parlamento, que só pode ser usado por deputados e assessores. Algumas horas antes, pelo menos dez pessoas morreram num atentado provocado por um veículo com explosivos, que destruiu Sarafya, a maior ponte de Bagdá.



Testemunhas que se encontravam no local afirmaram que havia muitos deputados no refeitório no momento da explosão. Mohammed Abu Bakr, que dirige o departamento de informação do parlamento iraquiano, afirmou que 30 pessoas ficaram feridas.



Tudo indica que as forças de segurança iraquianas previam a possibilidade de um ataque, pois à entrada do parlamento, antes da explosão, havia vários cães farejadores à procura de explosivos, algo nunca visto desde a instalação do parlamento iraquiano.



Segundo as forças de ocupação, o atentado contra o Parlamento deixou 8 mortos e 23 feridos. ''Nossas informações neste momento indicam oito mortos, 23 feridos'', segundo uma declaração do general William Caldwell, lida por um oficial americano a jornalistas.



Condoleeza acha que ataque era esperado



Segundo o porta-voz da Casa Branca, Scott Stanzel, a força multinacional no Iraque tomará, a partir de agora, medidas adicionais para ''reforçar a segurança e garantir que um atentado dessas características não se repita''.



Anteriormente, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, tinha afirmado que se sabia que ''existe um problema de segurança em Bagdá''.



''Estamos ainda nas fases iniciais do processo (do plano de aumento das tropas americanas em Bagdá ordenado em janeiro por Bush) e não acho que niguém esperava que os terroristas não fossem tentar atacar isso'', declarou Rice.



A explosão da bomba aconteceu às 14h30 (8h30 de Brasília), depois da sessão parlamentar, na hora do almoço, quando a lanchonete reunia vários deputados. A sede do Parlamento fica na zona verde de Bagdá, área supostamente protegida.



Sessão extraordinária



O presidente do Parlamento iraquiano, Mahmoud al-Mashadani, convocou para sexta-feira uma sessão extraordinária da câmara após o atentado.


O presidente do Parlamento disse que a sessão serviria para ''expressar solidariedade com os mártires e os feridos'' e afirmou que ela será realizada em uma das salas mais afetadas pela explosão.


O deputado Mizal al-Alusi acusou a organização Al-Qaeda e os serviços secretos regionais – em alusão ao Irã – de estar por trás do atentado.


''Este ataque tem como alvo o processo político no Iraque, e a Al Qaeda e os serviços secretos regionais estão por trás de seu planejamento e seu financiamento'', afirmou Alusi.



Problema político



Muhammad Awadh, um dos membros do Frente de Diálogo Nacional Sunita foi um dos deputados mortos na explosão. Taha al-Lihaibi, Salman al-Jumaili, Hahim al-Ta'i e dois outros deputados da Frente Acordo Iraquiano também foram feridos, segundo outro parlamentar que estava no local.


 


A mídia iraquiana disse também que outro deputado, possívelmente curdo, também foi morto no ataque, mas que até o momento não havia sido identificado.


 


De acordo com a Al-Jazira, três deputadas da lista de parlamentares que apóiam o religioso Moqtada al-Sadr também ficaram feridas, além de três membros da Aliança Unida do Iraque, o principal bloco xiita do parlamento


 


Mahmoud Osman, um parlamentar iraquiano da Coalizão Curda, disse à al-Jazira que a explosão demonstra que existem problemas em relação à suposta segurança que as forças ocupantes afirmam haver na Zona Verde de Bagdá.


 


''Isso mostra que o problema não é apenas de segurança, mas também político'', afirmou. Osman disse também que espera que seja feita uma investigação completa sobre a explosão.



Ponte pelos ares



Poucas horas antes, uma explosão provocada por um veículo com bombas destruiu a ponte Sarafya, no norte de Bagdá, lançando vários carros ao rio Tigre e provocando a morte de dez pessoas e ferimentos em outras  26.



Fontes policiais indicaram que a explosão destruiu parte da estrutura metálica da ponte, que ficou cortada ao meio, e lançou vários automóveis às águas do rio Tigre, algo pelo que o número de vítimas mortais pode ser superior ao indicado.



O rio Tigre divide ao meio a capital do Iraque e a ponte Sarafiya, onde ocorreu o atentado, é um importante meio de ligação entre ambas as partes da cidade. A ponte é bastante usada por microônibus e veículos comerciais, que circulam entre o centro de Bagdá e mercados no norte da cidade. O atentado desta quinta-feira ocorreu em plena hora do rush.



Ataques na Zona Verde são relativamente raros. O acesso é restrito e visitantes devem portar crachás com fotografias, além disso todas as pessoas passam por múltiplos pontos de identificação e detectores de metal.



A resistência tem disparado regularmente projéteis como foguetes e morteiros para dentro da Zona Verde. Um deles assustou o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, há duas semanas, ao explodir próximo de sua comitiva. As muralhas da Zona Verde são inúteis para conter esse tipo de ataque.